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A ex-noiva de Paul McCartney aqui no marcante "Ato Final", de Jerry Skolimowsky ( 1970).
Jane Asher foi a musa inspiradora de McCartney para uma nova fase dos Beatles- música erudita, experimentações....
 
 
 
            
        
          
        
          
        
"Alma Corsária", de Carlos Reichenbach.
 Olhar a um tempo crítico e generoso para um período de idealismo jovem no Brasil. 
 Grande cinema, sobretudo!
 
 
 
"A questão central do cinema de Carlos Reichenbach é encontrar o 
homogêneo no seio do heterogêneo. Suas personagens, no interior de um 
mesmo filme, são as mais diversas possíveis. Um professor cultíssimo e 
niilista namora uma operária especializada e batalhadora ("Amor, Palavra
 Prostituta"), uma garota negra é apaixonada por um branco nazista 
("Garotas do ABC"), duas adolescentes deixam-se fascinar por um 
refugiado político ("Dois Córregos"). Etc. Estilisticamente, os filmes 
apresentam o mesmo tipo de contraste, podendo variar do drama 
existencial à chanchada no espaço de alguns fotogramas, para depois 
passar ao musical ou ao policial.
Essa operação não é simples, nem é raro o espectador ficar um tanto 
perplexo diante do que vê, sem saber ao certo se deve rir ou não, porque
 Carlão não apenas transtorna a lei dos gêneros como também os hábitos 
de nossa percepção.
Ninguém deve sentir-se desconcertado diante disso – muitos 
especialistas já ficaram e não à toa que sua obra levou anos a ser 
descoberta. Chamo a atenção para ela, porque esse tipo de mise-en-scène 
me parece exprimir, no mais alto grau de inteligência cinematográfica, o
 Brasil, seus abismos sociais, seus contrastes gritantes, e, sobretudo, a
 principal característica deles, que é a contiguidade.
Nos filmes de Carlão Reichenbach, o bom e o mau gosto, o homem culto e
 o cafajeste rematado, o torturado existential e o vigarista são 
invariavelmente contiguos, não raro convivem no mesmo bairro ou rua. 
Pode-se dizer que isso não é raro em outras cinematografias. Vejamos um 
caso banal: homem rico encontra órfã, conversa com ela, convida-a para 
uma festa, faz amizade, começa a paquerá-la. Ou ainda: dramaturgo de 
sucesso na Broadway topa, incógnito, com garçonete com ambição a 
escritora, que despreza os sucessos da Broadway. Existe um evidente 
contraste entre esses personagens. No entanto, sabemos que fazem parte 
do mesmo mundo, que seu falar, seus rostos, seus hábitos de algum modo 
os identifica, os aproxima, na medida em que participam de um mesmo 
mundo.
Essa solidariedade que podemos encontrar na sociedade americana ou 
européia (onde a riqueza não implica necessariamente diferenças 
culturais acentuadas) está longe de existir nos filmes brasileiros, e me
 parece mesmo uma das razões por que o espectador custa a se identificar
 com eles. Ou não se identifica nunca, porque busca uma solidariedade 
que existe nas convenções cinematográficas, mas, no nosso caso, não se 
dá na vida cotidiana, em que vigora uma espécie de apartheid social. 
Daí, quando os personagens de Carlão dialogam, eles em geral falam em 
dois níveis distintos, de certa forma irredutíveis um ao outro, o que 
lhes dá uma aspereza particular."
Leio, releio e não vejo muito o que modificar ou acrescentar a esses 
parágrafos que abrem um dos artigos que escrevi para o livro "Ilha Deserta – Filmes",
 lançado pelo Publifolha há alguns anos. Vejo que às vezes as pessoas 
falam de um "problema" do cinema brasileiro, como se ele existisse à 
parte dos problemas do Brasil. Carlão é, felizmente, um pouco autista. 
Embora aspire falar ao público mais amplo possível, é incapaz de abrir 
mão de seu pensamento. Não se dobra à estética saída das novelas da 
Globo e que, se faz sucesso no cinema nacional de hoje, é porque se 
trata da única que o público local identifica como linguagem ficcional 
possível. Não é fácil fazer cinema no Brasil atual, no sentido em que 
fazer cinema não é gritar "roda", e sim pensar as imagens, seu destino. 
Reichenbach ainda faz."
 
 
 
            
        
          
        
          
        
A "prova do crime":  apesar desta cópia ruim não fazer juz ao  
vigorosíssimo nonsense  de "On the Town"-  direção de Gene Kelly e 
Stanley  Donen-,  em seu  Dadaísmo, Surrealísmo, Ludicidade primitiva em magnífico trabalho à base de  trimbres tribais:   tambores + sapateado.
 
 Ann Miller, uma das maiores dançarinas do século XX,  esnoba o star- 
system da época, substituindo- o por seu  "homem pré- histórico",  e 
procura salvar os personagens do desconforto massacrante de um trabalho 
escravo  e diário-  por um dia que seja.
 
  E torna-se,  como as demais mujeres do filme, uma efetiva e imaginativa caçadora
 
 
 
Gene Kelly e  Stanley Donen exploram aqui  surrealísmo e dadaísmo em resíduos de museus pré-históricos.
 "A faceta esquerdista da carreira e vida de Gene Kelly é geralmente ignorada.  
 No entanto, "On the Town" ( 1949) possui também uma aspiração política:
 esta  "sinfonia urbana"  é uma verdadeira ode às alegrias e tristezas 
de trabalhadores comuns,  acumulando experiências nas brechas de uma 
rotina massacrante."
  ( Adrian Martin) 
 
 
 
Uma visão apressada não permite ainda hoje que Gene Kelly seja encarado frontalmente.
 Este diretor, coreógrafo e dançarino era também um homem ligado à 
Frente Popular e inimigo do senador Joseph McCarthy. Não à toa um de 
seus números mais marcantes em início de carreira envolve uma dança de rua com um jornal. 
 
  Na foto acima, ele  é  o "dançarino proletário"  a coreografar  
lixeiras em  "It´s always faire weather",  antes de partir para uma 
convocação de guerra.
 
 A guerra não é mostrada e o pulo no tempo
 mostra vidas sacrificadas em mundo aberrante-  permeado pelo domínio de
 talk shows vulgares, publicidades e negociatas. 
 
 Caberia agora a redescoberta do corpo-mente como resistência ao "novo mundo".