quarta-feira, 25 de abril de 2012



"Pseudoimbecilidade e Pseudointeligência"


As crianças criam a “pseudoimbecilidade” como forma de se defenderem. Fazem-se passar por estúpidas quando estão num contexto que não podem nem aceitar nem modificar. Leio isso no livro A ambiguidade, de Simona Argentieri, que sairá brevemente no Brasil.

Serão só as crianças?

  Tem gente que aceita silenciar, se moldar, ser subalterno ou se comporta como os animais que se mimetizam com o ambiente para não serem notados. É um tipo de esperteza, esperteza que consiste em parecer estúpido.

Como variante disto, penso também na questão das pessoas que se inserem numa ideologia que está na "moda". É uma maneira de se exibir usando uma carapaça charmosa. E isso me leva logo a uma outra categoria que poderíamos criar — a do “pseudointeligente”.

Uma pessoa pode, por exemplo, passar por “inteligente” nos meios acadêmicos e nos bares simplesmente recitando o receituário de uma certa filosofia ou de um autor que entrou na moda. Pode passar por alguém que está “por dentro” quando, na verdade, ou seja, é um parasita da ideologia dominante.

Se o “pseudoimbecil” se retrai ocultando a sua verdadeira opinião, como casca, para se defender (mecanismo que Winnicott estudou), o segundo avança criando uma máscara de "falso ajustamento".


Os regimes autoritários, as inquisicões, as patrulhas ideológicas obrigam o indivíduo a esconder sua verdadeira opinião. Realmente, é um risco desafinar no “coro dos contentes”. Alguns perdem a cabeça, o emprego, o espaço nos jornais.

A “pseudointeligência”, que é uma maneira sábia de ser covarde, nos leva a consumir o que está na ordem do dia, seja a moda,  a música, a arte e até a comida. Os argumentos usados Repetem a vulgada, o discurso alheio. Poder-se-ia dizer que, neste caso, são pessoas que não têm “redação própria” ou “autonomia de voo”.


Afonso Romano

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