quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mulheres- e Homem- do Barulho






Shirley Maclaine em "Some Came Running", de Minnelli- seu melhor papel, Judy Holliday, grande atriz de Cukor- ou seria o contrário (?), Irene Dunne (fazendo diferença nos 30/40) e Humphrey Bogart - em pérola de Howard Hawks.

A Farra da Comunicação





Com a chega de militares em 1964, o Brasil ainda não possuía um sistema de comunicação de massas estruturado. A televisão, em atividade no país desde 1950, possuía um custo elevado para roubar do rádio o posto de xodó dos brasileiros. A população do país era predominantemente rural, apesar da crescente industrialização de grandes cidades.

O cenário mudaria drasticamente a partir dos anos 70, que utilizou a radiodifusão como ferramenta da chamada “unidade nacional”. Que medo!

Poucos instrumentos, no entanto, seriam tão eficientes quanto o apoio a (da) Rede Globo, quarta maior emissora do mundo, porta voz da “ditabranda” (termo cunhado pela Folha de São Paulo e simpatizantes), das oligarquias nacionais (inclusive a mesma Folha e amigos?), e dos interesses do chamado “capital estrangeiro”. É bem cabível dizer que a relação de promiscuidade entre radiodifusores e interesses políticos tenha se consolidado de vez nesse período ditatorial.

Nesse ínterim, surgiriam como resistência ao AI-5, publicações como “Em Tempo”, “Pasquim”, “Coojornal”, entre outros ”teimosos”. Tais grupos já pautavam a necessidade de democratizar não somente o regime de então, como o acesso à comunicação/informação.

Com a abertura nos anos 80, o movimento pela democratização dos meios ganha forma, via jornalistas, setores da igreja e diversas entidades da sociedade civil, com um objetivo em comum: tentar pôr um fim na farra das concessões, até então propiciada por uma caduca legislação.


A ausência de legislação especifica para garantir o uso democrático do espectro televisivo e de rádio permitiu, na primeira metade do século XX, a formação dos primeiros monopólios de mídia, sendo o maior deles o grupo "Diário Associados". O Código Brasileiro de Telecomunicações (CTB), criado nos anos 60 levou à farra das concessões de rádio e TV em Terra Brasilis.

“Abertura Política”

Entidades como a OAB, CNBB, Federação Nacional de Jornalistas, entre outras passaram a tomar frente nas discussões. A partir daí, vários documentos foram produzidos.

Um deles, produzido para o gabinete de Tancredo Neves, apontava a existência de um sistema de comunicações autoritário, e propunha a Constituição de um Sistema Público de Radiodifusão, financiado pelo Estado e iniciativa privada, mas controlado por segmentos da sociedade.

Já o documento de fundação da FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) propunha o controle da sociedade sobre as políticas públicas para o setor, incentivo às produções regionais e capacitação da sociedade para a reflexão crítica frente a conteúdos midiáticos. Tal visão iria nortear a criação do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação na seguinte década, o que provocou a vociferação da revista “ Veja” e amigos.

(A partir de pesquisas de Rodrigo Cruz)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Constituição na Estagnação






O professor Fábio Comparato enviou este e-mail ao deputado Chico Alencar, do PSOL, do Rio:



"Prezado Deputado:


Desde que a Constituição Federal foi promulgada, ou seja, há mais de 22 anos, o oligopólio empresarial dos meios de comunicação de massa, criado com o regime militar, tem impedido a regulamentação por lei de vários dispositivos constitucionais, porque contrários aos seus interesses.


Em nome do PSOL, como sabe, ingressei com uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão, no Supremo Tribunal Federal, ação essa que tomou o número ADO 10.


O objetivo dessa ação, como expliquei ao secretário geral do Partido, agora seu presidente, não é de ganhar judicialmente, mas de pressionar o Congresso Nacional e o Poder Executivo a que dêem cumprimento à Constituição, garantindo assim o direito fundamental de todos os cidadãos brasileiros à comunicação social.


Venho pedir-lhe que faça um ou vários pronunciamentos no plenário da Câmara sobre o assunto, enviando-me em seguida pela internet, a fim de eu poder juntar ao processo junto ao Supremo Tribunal, e dar divulgação em blogs e sites na internet.


Cordialmente,


Fábio Konder Comparato"

sábado, 23 de abril de 2011

Pisando na Terra





Quando os Beatles pisaram em terra estrangeira - leia-se: América do norte- foi como ter pisado na Lua. A esperteza de Brian Epstein, empresário da banda, ao convocar um turbilhão de pessoas a ir ao encontro do grupo, que então chegara de avião, foi uma das estratégias marketeiras mais bem sucedidas da história.

Depois se superariam no quesito em Srg. Pepper´s. Ainda haveria um factóide espalhado por rádio a respeito de uma fictícia morte de Paul McCartney, o que fez com que discos travados nas prateleiras fossem revendidos.

Já quando os Kinks chegaram aos USA, de cara enfrentaram a aridez de rígidas leis protecionistas no país, tendo sido obstruídos da disseminação "global".

Se no caso do marketing beatle, o mundo pop teria a ganhar. No segundo, teve a perder. A não ser pelo caso dos próprios garotos de Liverpool, que revelariam clara influência da banda barrada no baile da exportação, assim como os últimos assimilariam elementos dos primeiros (Lennon elogiou com destaque a banda de Ray Davies em entrevista).

Os Kinks utilizaram precocemente cítaras em sua música- para quem não conhece "See my friends", talvez valha a pena conferir. Traçaram um retrato agridoce da burguesia inglesa, foram irônicos com os seguidores de modas. Nesse sentido, anteciparam Beatles e comparsas.

Criaram a distorção na guitarra elétrica, por obra de Dave Davies- guitarrista e irmão do compositor da banda-, ao amputar uma parte do amplificador de som. Estabeleceram a sonoridade protopunk, tocada com solidez e seca pegada. Assim como se filiariam, com o tempo, a uma bem humorada "tradição" do vaudeville.

Abriram as portas para o glam rock, sobretudo com "Lola versus Powerman", sem, portanto, se fixarem à escola.

Nem por isso deixariam de apostar em lirismo vivo, como prova o disco da foto, espécie de "ópera rock" a respeito de um vilarejo inglês: morada de vida simples, com direito a blues, folk, música de rádio, desenho animado, jazz-canção.

No caso, a sofisticação da banda revelaria-se pontuante, como esforço, trabalho e experimento que atingisse, por outro lado, o clima proposto de espontaneidade.

O disco, enfim, é uma festa, uma celebração, sem os grandes desbragamentos dionisíacos dos Stones, menos ricos em humor e imaginação.

Um dos grandes elogios do despojamento lúdico na arte.

Escamadas




Como o acesso a bons filmes nacionais no interior de "sapos, vacas e bezerros" é árduo, posto escamas de duas das obras mais que honradas a que tive oportunidade de desfrutar : "O Cão sem Dono", de Beto Brant e "A Falsa Loira", Carlos Reichenbach.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tons pinçados






Das músicas de Jobim, pinço as melhores e com nomes de mais fácil lembrança.

Importante fato é que existem versões mais fracas de cada uma delas. Portanto, tudo aqui dependerá do tipo da fonte encontrada:


"O Morro não tem vez"- Não as versões que surgiriam após, mas a com a orquestração formidável do maestro e pegada jazzística: sobretudo ao final, com o ritmo sincopando força e liberdade.


"Só tinha de ser com você"- A versão cantada pelo próprio Tom, com crescendo explosivo de erótico jazz.


"Wave"- Instrumentais. A com parceria de Herbie Hancock é um dos achados.


"Two Kittes"- Só conheço essa: flanante, vigorosa, com nítida influência dos compositores norte-americanos- como Gershwin e Porter-, em apropriação acelerada.


"Eu não existo sem você"- Versão com a cantora da Nova Banda e violoncelo único: " é luxo só !".


"Matita Perê"- Música sobre exilados. Há, sobretudo, Drummond, Guimarães Rosa em genial síntese.


"Trem De Ferro"- Musicalização do poema homônimo de Manuel Bandeira.

Sincronia perfeita entre letra e música, ricas onomatopéias, quebras e dissonâncias na orquestração imprevista.


"Ana Luiza"- Música lenta a relacionar erotismo e natureza: qual seja, partes da natureza equivalendo ao corpo da amada sendo descoberto.

Por essas ( e outras ), Tom foi seu melhor letrista, ao unir despojamento e poesia.


"Borzeguim"- A versão em piano forte de jazz, em inquieto andamento ascendente.


"Pato Preto"- Melhor "música nordestina" composta por um carioca. Lúdico absoluto.


"Garota de Ipanema"- Versão mais acelerada, somente com Tom ao vocal, a realizar scating sambista, clássico e jazzista em sua rouca voz. Orquestração bem dosada e vivacidade. Versão definitiva!

Atores/Atrizes







Johnny Depp (A Fantástica Fábrica,...), Gena Rowlands (Woman under the influence,...), Peter Sellers (Lolita,...), Emil Jannins( A Última Gargalhada,...).

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Atrizes ou atores






(Do Item favoritos : Judy Garland, Henry Fonda, Jeanne Moreau, Al Pacino).

Cartas







Um amigo chegou-me a dizer que reassistiu, após muitos anos, ao "Professor Aloprado", de Jerry Lewis. Não tendo gostado, decidiu por enterrar de vez o artista.

Reproduzo a resposta enviada por mim via e-mail:


"O Professor Aloprado" não se entrega hoje com facilidade. Mas basta compará-lo com o do Eddie Murphy (remake) para ajudar no processo.


"O Professor" é daqueles em que o riso fica entalado na garganta. E, afinal, por que seria? Tanto mais por mostrar um espelho algo grotesco do "modo de vida norte-americano". E, em que consistiria esse espelho? Em primeiro lugar, em algo invertido, como todo bom espelho.

Partir da constatação de que só os "bem sucedidos", os winners teriam vez nessa terra. É exatamente o que gera as aviltações, humilhações passadas pelo protagonista. E isso, convenhamos, não é nada engraçado.

Ele não mora em padrões. Mas seu sentimento de inferioridade o obriga a buscar uma fórmula, como em "O Médico e Monstro", que o torne "A Aparência", por excelência: o grande cantor canastrão, à maneira do galã Dean Martin, com quem contracenara no passado ( aqui coube uma paródia ao ex-companheiro). O conquistador megalomaníaco, bem vestido, etc. E até aqui pode parecer o fácil ainda.

Esse mundo de simulacros que era -é?- a América que aborda só oferecerá espaço para um outro simulacro. O que impele um homem massacrado a apelar para o artifício da Perfeita Imagem. Leia-se: dentro dos protocolos do consenso norte-americano do que seria a dita cuja.

Todo o filme é desenvolvido sem a continuidade típica, linear do cinema dito clássico. É o que trunca a história, e oferece espaço para ruídos estranhos, literalmente falando- inclusive. Claro, pois não há, a rigor, história. Mas História.

A ambiguidade radical da imagem consiste em mostrar um homem dual: galã e monstro, e em como essas instâncias se chocam e se ligam na imagem de uma forma desconcertante, nada agradável. É, portanto, um filme que puxa o tapete do espectador acostumado com o carisma do ator. Lewis aqui é "homem, monstro, galã", ao mesmo tempo. E tudo isso é, desconcertantemente, uma coisa só para a América do filme. Tanto que, ao final, todos querem ficar com a poção, que é a promessa de juventude e saúde eternas. Atualíssimo.

Ou seja, não há final feliz, nem para os protagonistas. Sempre ficará a dúvida: a menina por quem ele se apaixona, e vive-versa, gosta mesmo de "quem ele é", como sugere o momento do espetáculo, da destransformação? Ou bem, do galã artifício que mora dentro dele. Já que, ao final, o casal roubará a tal poção, em momento de extrema ironia para um final de obra.

(Ou bem a moça gosta de ambos?).

As frustrações por que passa a cultura da Aparência, do elixir da juventude são passadas a limpo por J. Lewis. Aqui não há heróis, nem ciclos que se fecham a fim de nos encantar (leia-se: facilitar).

Enquanto ator que trabalhava com Frank Tashlin, mesmo em meio às críticas ao “modo de vida americano”, Lewis se dava ao luxo da gratuidade do carisma natural. Quando passa para a independência como diretor no cinema dos anos 60 (plenos anos 60, importante facto) , é o cinema do desconcerto quem fala, e Jerry estará à frente nos USA, não deixando nada tão mastigado para o espectador: sem linearidades, "história montadinha", e com falso "final feliz",...

O que manda é a Imagem. Imagem essa plena de dor, dualidades, monstros e galãs, em único arranjo de frustrações e megalomanias: espelhos invertidos.

A ambiguidade desconcertante da Imagem como trunfo. De um mundo rachado ao meio, tal como o detectado pelo cinema moderno. E Lewis, na América desse período, foi dos poucos a entender isso."


A despeito dessa didática defesa, meu filme predileto do artista continua sendo "O Otário".

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Politicalha do Verbo





O termo "politicamente correto" tornou-se uso corrente de colunistas, inclusive como parte de uma estratégia de acusação/punição do uso do mesmo.

Utilizado de forma tão genérica, sem especificações, seria mais ou menos como na antropologia: "se tudo é cultura, nada é cultura". Nesse caso, politicamente correto passa a incarnar termo vago.

Quem pensa estar na contracorrente, a usar os velhos jargões dos 60- como os sexistas de praxe- pode(m) ser o(s) mesmo(s) a viver do chamado "fetichismo da passividade". Nos 60 ainda havia operância- ao menos até certo ponto. Algumas péssimas, diga-se de passagem- faz parte.


Mas quem não viveu o período, chegou aos 50 organicamente "inoperante", acabrunhado, como adolescente a temer o mundo de fora. Sem frases de efeito- as muletas- estariam menos depressivos?


Cabe compreender a dor alheia. Porém, se o "outro" não se interessa por ela...

Com as propagandas em curso, como as de cerveja, alguém pode se considerar "prafrentex", quando a rezar velhos mantras? Pois que, se o Brasil fosse assim tão conservador como querem, o Serra teria ganho as eleições em face do sensacionalismo aplicado à questão do aborto.

Abortou, enquanto outros "falam em sexo, sem fazê-lo"- como diria Freud.

Em minha época adolescente, a revista Bizz era a catedral. Ao que dizia, bradávamos "Amém". Permanecer em busca de adolescentes "catedrais", fora de nós- qual seja, no objeto- lembra-me um sábio a relacionar o fetiche dos mesmos- ou do Objeto Mil- como um equivalente à ausência de autoenfrentamento do "sujeito".

Infelizmente (ou não), a vida retorna a cobrar maleabilidade de espírito ao estado de petrificação.

Sem movimento, a teia se enrosca um pouco mais. Com o tempo, o preço aumenta.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Atores





(Três dos meus atores favoritos: James Mason, Michel Simon, Charles Chaplin... Depois vem mais...)

Cobertura: parte dois- ou final de "Mídia, cobertura e estado" (ou o começo?)





“A referência de Nelson de Sá à Fox News deveria ser estendida à rede CNN, que sempre agiu como cheerleader das operações oficias no exterior.

Qualquer jornalista estadunidense razoavelmente bem informado sabia, por exemplo, que Sadam Hussein não tinha e não poderia ter “armas de destruição em massa” que deram o pretexto para o ataque ao Iraque antes mesmo de qualquer investigação, simplesmente porque as armas de Hussein foram fornecidas pelos Estados Unidos e aliados durante a época em que ele era um fiel vassalo da Casa Branca (aceitando mesmo envolver seu país na guerra contra o Irá, entre 1980 e 1988).

A imprensa, mesmo sabendo disso, “comprou e vendeu” a versão do troglodita George Bush Júnior, pois o que estava em jogo eram vastos interesses vinculados às indústrias do setor bélico (armas, etc.), petroleiro, e outros relacionados, dos quais as próprias corporações midiáticas participam como sócias ou acionistas.

Nos USA, a Fox News mencionada é um caso particular de ultranacionalismo xenofóbico, cujas “reportagens” são caricaturais e beiram a histeria macartista ( mais ou menos como é o caso de grande parte da “Veja” no Brasil ). As outras emissoras estadunidenses, com matizes e nuanças, não são tão escandalosas, mas não estariam assim tão isentas dos jogos em pauta. É claro que um ou outro órgão da mídia corporativa pode destoar do “consenso”, por razões próprias.

Já no Brasil, a cobertura da ocupação no Complexo do Alemão, por exemplo, não foi absolutamente monolítica. A Rede Record até ofereceu certa abertura para a queixa de moradores das favelas (cerca de "apenas" 150 mil) contra um festival de brutalidades, embora sem maiores aprofundamentos. Isso pode ser explicado pela necessidade de diferenciar-se de sua concorrente (Rede Globo).

No Correio Braziliense, dia 29 de novembro, a jornalista Renata Mariz publica:

“No início da tarde, uma senhora baixa que gritava na praça, com uma criança no colo, era o retrato do desespero: tem 24 horas que meu menino de 16 anos está sumido. Botaram o corpo dele para os porcos ", corava a mulher, identificada como Dineia. Todos os moradores sabem onde fica o local sobre o qual a senhora falava.

" É na vacaria, tem corpo lá sim," confirmaram cerca de 10 transeuntes consultados pela reportagem na subida do morro na Vila Cruzeiro. O local é coberto por mata e pedras. Em vez de vacas, criadas tempos atrás, havia porcos se alimentando de cadáveres... Moradores defendem, enfaticamente, que os corpos são de “vagabundos”, mas também de “inocentes”.

As denúncias se multiplicam, como notado em sites, blogs e grupos de discussão mantidos pelo jornal “Brasil de Fato”, pelo “ Tribuna Popular” ou pelo “Passa Palavra”. As violações envolvem desde assalto a geladeiras, roubos de celulares, destruição de móveis de casa, chegando a extremos de desaparecimentos, como no caso relatado por Renata Mariz.

A população do Complexo foi submetida ao expediente fascista do mandado de busca coletivo, que autoriza a polícia a entrar na casa de qualquer morador, não por ele ser suspeito de algo, mas por simplesmente habitar o local.

Além de ferir um princípio caro à Constituição, tal tipo de mandado coloca em prática um método de punição coletiva muito caro a Adolf e aprendizes. É claro que nada disso, com raras exceções (honradas?), transpareceu nos veículos mais importantes da mídia.

Não se trata de uma exceção, mas da regra. E uma regra perigosa, por ser capaz de cegar boa parte da opinião pública... A cegueira orquestrada, legado primoroso de Joseph Goebbels aos seus seguidores, pode levar a extremos, como aconteceu na História, quando “ ninguém sabia” que milhões de judeus, ciganos, entre outros eram executados em campos de concentração.

É melhor “não saber” o que aconteceu no Complexo do Alemão, nem o que acontece diariamente nas chamadas periferias do Brasil. É mais confortável. Afinal, A Copa vem aí. E depois os jogos.

E depois algum outro espetáculo, porque ninguém é de ferro. Certo?"

( A partir de JA jr., VM, e RM)

Cobertura- parte 1 ( Mídia, comportamento e estado)




"A socióloga Vera Malaguti, Secretária geral do Instituto de Criminologia( ICC),em entrevista ao Correio da Cidadania, em 9 de Dezembro, observou que a operação do Complexo do Alemão foi anunciada pela Rede Globo como “ Tropa de Elite- 3” , um dia antes de seu início. Isso significa que a emissora conhecia com antecedência os planos das Forças Armadas e da Polícia Militar no Rio.


Isso, por si só, já seria um escândalo de grandes proporções, por apontar a promiscuidade total entre uma empresa privada e instituições públicas. A Rede Globo fez menção à série de filmes “Tropa de Elite”, inspirado em livro de Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope, uma das principais forças de intervenção no Morro do Alemão. Acontece que Pimentel é atual “comentarista de segurança pública” da emissora... Fica tudo em casa.

Vera Malaguti também apontou o sentido da operação: tratava-se de “abrir caminho também para os grandes negócios internacionais”, que se anunciam com a Copa de 2014 e os Jogos de 2016. Não é pouca coisa. Estão em jogos negócios que somam dezenas de bilhões de dólares, e que se assentam na premissa de que será possível organizar os festejos “em paz”.

“Esses negócios olímpicos e transnacionais fazem parte da estratégia de ocupação de áreas pobres. E mais um capítulo dos “muros ecológicos”, paredes acústicas, que vão murando e isolando certas áreas”. Nesse caso, os traficantes dos morros cariocas que, não são santos, claro, foram tratados com as seguintes nomenclaturas: “estrangeiros”, “corpo estranho” no território nacional, quando também são um produto ou subproduto do crime organizado, no sentido dado por Malaguti, o que agrega empresários, banqueiros, especuladores e agentes do capital financeiro.

Seriam os mesmos apoiadores da “ditabranda” nacional, cujos nomes permanecem preservados na ausência de abertura dos arquivos daquele período? Responda-me, Einstein.

Nessa brincadeira séria, mui séria, oferecemos espaço, como na Colômbia, para atuação de “grupos impolutos”, como a CIA- a mesma, cujo nome os próprios norte-americanos evitam pronunciar com toda fé. Então, sobre ela nos calamos.

O articulista Nelson de Sá no jornal "A Folha de São Paulo" escreveu no dia 29: “A cobertura global se fundiu ao próprio Estado, em engajamento semelhante ao da Fox News no Iraque. Sua repórter chegou ao Alemão ao lado da polícia... O discurso de refundação do Estado nas áreas tomadas foi único, da cobertura como das autoridades na transmissão".

( A partir de JA jr.)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reflexões sobre A "Constituinte dos Media"





Para assunto já bem abordado nesse espaço e em salas de aula, o artigo publicado no "Observatório da Imprensa", por Venício de Lima dá pano pra manga:



"MARCO REGULATÓRIO"


Mais de duas décadas depois

Por Venício A. de Lima em 12/4/2011


"Em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, realizada no último dia 6 de março, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o projeto para um marco regulatório do setor “se centrará em modernizar a legislação defasada e regulamentar os artigos da Constituição que tratam da comunicação”.


Regulamentar os artigos da Constituição já seria um avanço importante. Decorridas duas décadas e mais de dois anos da promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988, a inoperância do Congresso Nacional em relação à regulação do Capítulo V (“Da Comunicação Social”), Título VIII (“Da Ordem Social), já mereceu, inclusive, uma Ação de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), que aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (ver, neste Observatório, “Três boas notícias”).


Benefícios para a cidadania


Ao contrário do que a grande mídia alardeia em sua campanha permanente contra qualquer tipo de regulação – o temor de que regular é censurar – existem inúmeras conseqüências imediatas e benéficas para a cidadania de uma possível regulação que cuidasse de “regulamentar os artigos da Constituição que tratam da comunicação”.

Sem mencionar a consequência fundamental para o processo democrático que se refere ao aumento da quase inexistente diversidade e pluralidade de idéias e opiniões no espaço público midiático – menos perceptível para o conjunto da população –, e sem pretender ser exaustivo, basta ler os cinco artigos do Capítulo V para que se revelem exemplos de benefícios imediatos.


Artigo 220


O professor Fábio Konder Comparato, em recente entrevista, lembrou que o Inciso II do parágrafo 3º do artigo 220 manda que lei complementar estabeleça os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. Tal lei não existe.


A Organização Mundial da Saúde, desde 2005, tem lançado advertências sobre os efeitos nocivos à saúde, provocados pela obesidade, sobretudo entre crianças e adolescentes. Neste sentido, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, baixou, em 15 de junho de 2010, a Resolução, RDC n º 24, regulamentado…


“…a oferta, propaganda, publicidade, informação e outras práticas correlatas, cujo objetivo seja a divulgação e a promoção comercial de alimentos considerados com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio e de bebidas com baixo teor nutricional” .


A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), vendo seus interesses empresariais contrariados, ingressou com ação na Justiça Federal de Brasília contra a Anvisa pedindo que esta não aplicasse aos seus associados os dispositivos da referida resolução, de vez que só uma lei complementar poderia regular a Constituição.


Resultado: a 16ª Vara da Justiça Federal suspendeu os efeitos da resolução em liminar posteriormente mantida pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região.

Não interessaria à cidadania, sobretudo a mães e pais de crianças, a regulação da propaganda de “alimentos considerados com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio e de bebidas com baixo teor nutricional”?

Da mesma forma, não interessaria a regulação do parágrafo 4º do mesmo artigo 220, que se refere à propaganda de agrotóxicos, medicamentos, terapias, tabaco, bebidas alcoólicas?

O parágrafo 5º do artigo 220, por outro lado, é aquele que reza que “os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. Sua regulação teria, necessariamente, que restringir a propriedade cruzada – um mesmo grupo empresarial controlando diferentes meios (rádio, televisão, jornais, revistas, provedores e portais de internet), num mesmo mercado – como, aliás, acontece nas principais democracias contemporâneas. Ao mesmo tempo, deveria promover o ingresso de novos concessionários de rádio e televisão no mercado de comunicações.

Não interessaria à cidadania ter mais alternativas para escolher a programação de entretenimento ou de jornalismo que deseja ouvir e/ou assistir?


Artigo 221

Os quatro incisos do artigo 221 se referem aos princípios que devem ser atendidos pela produção e pela programação das emissoras de rádio e televisão. São eles: preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

Não interessaria aos produtores independentes de cinema e vídeo a geração de empregos, a promoção da cultura nacional e regional e o incentivo à produção cultural, artística e jornalística regional? E a todos nós o respeito a valores éticos e sociais?


Artigos 222 e 223

Dos artigos 222 e 223 – deixando de lado a questão crítica das outorgas e renovações das concessões de rádio e televisão – talvez o benefício mais perceptível para a cidadania fosse a regulamentação do “princípio da complementaridade” entre os sistemas privado, público e estatal de radiodifusão. Combinado com a regulação do parágrafo 5º do artigo 220, possibilitaria o equilíbrio hoje inexistente no mercado das empresas de rádio e televisão com os benefícios já mencionados.

Artigo 224


O último dos artigos do Capítulo V cria o Conselho de Comunicação Social, que, apesar de regulamentado por lei de 1991, depois de precários quatro anos, deixou de funcionar em 2006. Registre-se: por responsabilidade exclusiva do Congresso Nacional (ver, no OI, “Quatro anos de ilegalidade”).


O descumprimento da lei 8339/91, todavia, não deve impedir a criação dos conselhos de comunicação estaduais. Em alguns estados e no Distrito Federal eles já estão previstos nas respectivas Constituições. Quando isso não acontece, emenda aprovada nos legislativos estaduais poderá fazê-lo. Os conselhos constituem um importantíssimo instrumento, por exemplo, de acompanhamento e controle dos gastos públicos com publicidade, nos termos da lei 12.232/2010 (ver “Sobre inverdades e desinformação” e “Sopro de ar puro no DF”).

Não interessaria à cidadania saber e controlar como seu próprio dinheiro está sendo distribuído pelos governos estaduais para a mídia regional e local?

Atraso extraordinário


Ao fim e ao cabo, o atraso do Brasil no que se refere à regulação do setor de comunicações continua extraordinário. Tanto é verdade que apenas a regulação de normas e princípios que estão na Constituição há mais de vinte e dois anos já
significaria um avanço importante.

E mesmo assim, como se vê diariamente, essa eventual e ainda desconhecida proposta oficial de marco regulatório – tímida e insuficiente – enfrenta a feroz resistência organizada de atores da mídia tradicional".



Alguns pontos aqui até podem ser taxados de "politicamente corretos"- caso do tabaco ou da bebida. Mas para quem já faz uso dos mesmos, penso não ser necessário recorrer a inócuas propagandas de "gênios publicitários", ao estilo : "se você por acaso não bebe ou fuma estaria destinado a ser menos viril, ou ardente que os demais"... Quanta bobagem.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sidney Lumet, Diretor : (1924/ 9 de Abril de 2011)

Famílias, Escolas Particulares e adjacências




" De camarote, assistimos às dúvidas da família americana. Como enfrentará o "Sputnik chinês?"

De um lado, o medo psicanalítico dos traumas. De outro, os sucessos da linha dura, estilo chinês. Mas e nós, ainda mais condescendentes com nossos delicados pimpolhos? Até que uma pitadinha de mãe chinesa não seria má ideia. Com plena tranquilidade de que jamais veremos tais exageros implantados pelos nossos pais molengões, vejamos algumas boas ideias:

Cabe aos pais ter uma participação muito ativa na educação dos filhos, gastar bom tempo nesses misteres, bem como ter expectativas ambiciosas e frequentemente comunicadas. Cabe cobrar e ser avaro nos perdões instantâneos, mas, também, louvar os sucessos.

Ter peninha da pobre criança que não tem vontade de estudar é trocar o conforto emocional de hoje pelo futuro do filho (mais fácil dizer do que fazer!).

É errado acreditar que a educação deve ser sempre leve e divertida. Fica assim, depois que se toma o gostinho de lidar com assuntos entendidos. Antes, é suor. A melhor maneira de adquirir confiança em si é aprender o que antes parecia impossível. O papel dos pais é fazer com que isso aconteça, por árduo que seja"

(Cláudio M. de Castro)


Esse texto é interessante, polêmico, e como tal, ninguém é obrigado a concordar, claro. Aliás, as coisas nessa vida não se resumem a concordar ou discordar.

Não caberia aqui pedir um retrocesso ao modelo ditatorial educativo- o de General. Mas a cultura do hedonismo, onde "pais e filhos" parecem ser uma só coisa- pois, no fundo, desejam as mesmas coisas-, tem trazido sérios problemas, junto a outros no pacote.

Se não dá para seguir cartilhas de eternas "seduções para o saber", pois se para certas escolas tudo se resumiria a "pegar leve", por outra temos os velhos adestramentos para caquéticos vestibulares.

Ambas as "linhas", em todo caso, interceptam um mesmo ponto: são os pais quem mandam nesse (s) tipo (s) de escola. E, logo, nos coordenadores, professores, já que seriam os primeiros a pagar as mesmas.

Mas, quem afinal, seria esse pai ou mãe, em seu atestado de imunidade parlamentar? Esse tipo de corporativismo é um dos aspectos que une escolas convencionais às ditas "progressistas". A receita é sempre fugir a desafios, a confrontos do saber, do viver.

Claro que não dá mais, a essa altura do campeonato, para obrigar estudantes a decorar tabela periódica, estudar fórmulas por pura receita,etc.

Se o academicismo pode se revelar estéril, distante em demasia, com profissionais a viver em bolhas de proteção, por vezes fulcrados em teorias- no caso, modismos intelectualistas-, a "formação cultural", como podemos observar em vários momentos nos jornais de praxe, valorizaria a ausência da observação mais detida, de voos a serem alçados, de fundamentações, limitando-se a frases de efeito- ensimesmamentos meramente narcísicos a recairem sempre num vazio.


Para o bem do fim da digressão blogueira, diria que não dá pra crer que o Modelo Chinês seja mesmo algo extraordinário. Robozinhos já temos demais por aqui, obrigado.


( A história ainda continua...)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

anjos exterminadores







A patotada de comentaristas- eu incluso? - não consegue se desvencilhar de querer entender o caso do “anjo exterminador” da escola.

Poderia ter exterminado prédios, conceitos, mas nunca pessoas, meu caro.

Mas, desculpe... a rigor, não quero entender nada. O Mal está aí, ele paira e acenta. Não se trata de especificidade nacional, de escolas públicas.

Nos USA, por exemplo, os extermínios ocorrem em qualquer uma. Só o clima de infinitos corredores vazios, estilo “O Iluminado”, filme de terror de Stanley Kubrick, já atrairia porcarias e teses.

Relação entre escola e família? Uma boa, uma vez que a última se interesse por conhecer minimamente o filho, sem receio de querer ouvi-lo e de informar à instituição sobre o mesmo- embora seja tão difícil, com tantos estigmas, o mero ato de "informar".

Também não importa se deixaram o cara entrar. Se o crime foi premeditado, o banho de sangue- "estilo Charles Bronson"- se daria no extramuros, de qualquer maneira.

E, então, o que fazer, seu blogueiro inútil? Relação entre família e escola é uma das propostas. Mas poderíamos pensar em várias outras, a questionar: que família, afinal? As que entregam filhos ao "Internato Educacional", julgando a escola como responsável, por excelência, da educação?

Nada disso justifica trogloditas fazendo terrorismo na "ex-casa do rapaz", como se fosse a fa-nuclear mesmo "A Culpada".

Desenterraram o Anjo exterminador, assumindo sua máscara e destino.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dedicados Seguidores





Quem não participa da compra de sapatênis via digital é usalmente visto, revisto, amarrotado, estigmatizado como implacável reacionário. Pois o que for estipulado como "bacana" , deve o Ser por Gado tecnopolivalente.

Portanto, nem tente discordar de qualquer coisa que tida como tal, seja no mundo dos gadgets, no das artes ou ciências.

Se mandarem vossa senhoria se atirar de um buraco, se comprovado - ou não- o tal de Ozônio, ou o Canal da Mancha/Desmancha, misterioso planeta de improváveis mil delícias, de prontidão diga: "Yes, Sir! No, Sir, Yes, Sir, No, Sir, Yes, Sir".


Se não aderir a cineastas orientais contemporâneos (eu até gosto de alguns) por um acaso-, ou a patrulhamentos no melhor estilo New Age..

Ou a refluxos tardios de instalagens mictóricas de "las avant gardes", poderá, de vez, ser chamado de verdadeiro "Inimigo Público Número 1".

E, se ainda pensarem que é algum humanista, corra, se esconda atrás de um beliche, a gemer: " Comunista não, porcaria".



Música dos Kinks:




Dedicated Follower Of Fashion- Seguidor dedicado da Moda

They seek him here, they seek him there,( Eles buscam aqui, eles buscam lá,
His clothes are loud, but never square. ( Suas roupas são altas, mas nunca quadradas.
It will make or break him so he's got to buy the best, ( Ele vai fazer ou quebrar-lhe por isso ele tem que comprar o melhor,
'Cause he's a dedicated follower of fashion. ( Porque ele é um dedicado seguidor da moda.

And when he does his little rounds, (E quando ele faz suas pequenas rondas,
'Round the boutiques of London Town, (Ronda as boutiques da cidade de Londres,
Eagerly pursuing all the latest fads and trends, ( Empenham avidamente as últimas modas e tendências),
'Cause he's a dedicated follower of fashion. ( Porque ele é um dedicado seguidor da moda.

Oh yes he is (oh yes he is), oh yes he is (oh yes he is). (Ah sim, ele é , oh sim ele é), ai sim ele é (oh sim ele é).

There's one thing that he loves and that is flattery. ( Há uma coisa que ele ama e que é lisonja.
One week he's in polka-dots, the next week he is in stripes. ( Uma semana ele está de bolinhas, na semana seguinte ele está nas listras.

'Cause he's a dedicated follower of fashion. ( Porque ele é um dedicado seguidor da moda).

They seek him here, they seek him there, ( Eles buscam aqui, eles buscam lá,
In Regent Street and Leicester Square. ( Na Regent Street e Leicester Square.
Everywhere the Carnabetian army marches on, ( Em toda parte o Carnabetian exército marcha em diante,
Each one an dedicated follower of fashion. ( Cada um deles um dedicado seguidor da moda.

Oh yes he is (oh yes he is), oh yes he is (oh yes he is). Ah sim, ele é (oh sim ele é), ai sim ele é (oh sim ele é).

His world is built 'round discoteques and parties. ( Seu mundo é construído 'discotecas rodada e festas).

This pleasure-seeking individual always looks his best. ( Este indivíduo que procura o prazer sempre procura o seu melhor
'Cause he's a dedicated follower of fashion. ( Porque ele é um dedicado seguidor da moda.

Oh yes he is (oh yes he is), oh yes he is (oh yes he is). ( Ah sim, ele é, oh sim ele é), ai sim ele é (oh sim ele é).

He flits from shop to shop just like a butterfly. ( Ele voa de loja em loja, assim como uma borboleta).
In matters of the cloth he is as fickle as can be, ( Em matéria do pano, ele é tão volúvel quanto possível),

'Cause he's a dedicated follower of fashion. ( Porque ele é um dedicado seguidor da moda.
He's a dedicated follower of fashion. ( Ele é um dedicado seguidor da moda).
He's a dedicated follower of fashion. ( Ele é um dedicado seguidor da moda).

Estado de Sítio- parte 1





“O relatório da comScore aponta que 60 por cento de jovens e adolescentes passam seu tempo total on-line em sites de entretenimento, mensageiros instantâneos e redes sociais.

A pesquisa Playground Digital, realizada pela Nickledon, revelou que as crianças brasileiras ocupam o segundo lugar do ranking das que mais acessam redes sociais (67 por cento)- perdendo apenas para a China (79 por cento)-, e com sua popularidade sendo pautada pela quantidade de amigos virtuais, gadgets que possuem e placares nos jogos de rede.


Pode-se acrescentar que várias crianças têm migrado para redes sociais que possam oferecer maior segurança, como o Faceboook e o Twitter, seja por conta própria, seja por insistência de pais ou irmãos mais velhos. Seria uma forma de “comprar a proteção”, como se a comunidade virtual passasse a ser definida mais por suas fronteiras vigiadas do que por seu conteúdo.



Pierre Bourdieu, por sua vez, defende a ligação entre o colapso da confiança e o enfraquecimento da “vontade de engajamento”. Em alguns casos, extremamente protegidas nos mundos físico e virtual, crianças ficam impedidas de se mover. Fortemente controladas pelos adultos, passam cada vez mais tempo em suas casas e condomínios. Tal processo causa verdadeira confusão mental para os “Digital natives” que, apesar de participarem de uma fluida realidade virtual, mal saem de seus bairros.

Essa dúvida também existe em adultos. Pessoas cada vez “menos engajadas” e mais desconfiadas, que se encasulam em pequenos e modernos apartamentos, vivendo a realidade dos grandes centros urbanos".

( A partir de Jackelin Wertheimer Cavalcante)

quarta-feira, 6 de abril de 2011





O cinema, ou a música e a literatura muitas vezes são vistos como válidos enquanto fabricam as ditas "obras-primas". Os modernistas passaram a questionar tais pressupostos, ao tentar aproximar arte e vida.

Daí que a oralidade da linguagem do dia a dia passa a ser valorizada, a firmar novos modelos.

Nesse insípido espaço blogário, quando abordado foi o cinema de Roberto Rossellini, comentei algo sobre uma alternativa à linguagem oficial de uma arte. Mais do que isso, como um estar "fora de uma dada linguagem", como recurso coerente às propostas do diretor italiano, inserido em novo momento.

Como teria, para ele, sido possível filmar a transmutação em um ser, ou um "milagre" de outra espécie- já que mudança, por si mesma, pode se constituir como um deles (?)


Filmar um mundo implica grandes armadilha. Talvez a maior delas, no cinema e tv, ou derivados. Diretores como Eric Rohmer, Jean Renoir e Howard Hawks foram alguns dos que deram raríssima conta do estado de presença do homem, do milagre de se estar vivo no universo, de alguma maneira.

Caberia, inclusive, dar conta de como o universo reagiria a essa presença nos termos de uma encenação, e- ainda- de como o homem reagiria a esse olhar ( vide "Hatari!", de Howard Hawks, Rossellinis,...)


Nesses casos, o "Homem no Centro"- chamado tecnicamente antropocentrismo- é atravessado por uma bela de uma reviravolta, passando também a ser olhado ( "O Professor Aloprado", de Jerry Lewis, "Blow up", de Michelangelo Antonioni, Shyamalans, como no desfecho de " Fim dos Tempos"), como um equivalente à pintura de Velázquez no cinema, em que o quadro é que nos fita.

Em certos casos, como no dos Godards pós-80 ou nos citados Rossellinis, um ponto capital. Resistir à tentação da "fôrma a-histórica" da obra-prima, não condizente com uma postura mais urgente da arte de se atrelar à vida, ou a outra coisa.

A respeito do assunto, fala melhor uma buriladora da mentalidade modernista(ou pós) no Brasil:


"O indizível só poderá me ser dado através do fracasso da minha linguagem. Só quando falho a construção é que obtenho o que ela conseguiu."

(Clarice Lispector).

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Jerry Lewis








"Jerry Lewis recusa tudo o que parece "normal", só respira, a rigor, nessa desmesura e nesse delírio onírico, em que as lendas fingidas são a expressão mais evidente.

Em "O Mocinho Encrenqueiro", demasiado não é muito. Ninguém levou tão longe a destruição sistemática do chamado "universo normal" e, sobretudo, ninguém antes dele tinha ousado aventurar-se, a ir para trás do espelho explorar esse universo agonizante, estranhamento próximo de Kafka e de Borges".

(Yves Boisset, Cinema 63)


Fotos de cima para baixo: "O Otário" ( em forma de espelho embaçado), Stella Stevens em expressão ambígua ("O Professor Aloprado) e "O Mocinho Encrenqueiro".