segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Periferia por ela mesma- 2





 


( Mano Brown fala com Renato Rovai):





Movimento Zapatista:


Sou mal informado sobre isso. Todo movimento que é pra defender quem sofre sou a favor. Que seja da partilha, tô dentro.

A periferia já ta armada. Só que na periferia é tudo alienado. Eles só conseguem enxergar o inimigo aqui no meio deles. Mas o inimigo não está perto de nós...



 
Racionais:

Agora, a mídia e muitas pessoas veem  a gente como atração de circo, a mulher barbada, o homem que engole espada. Os “maluco” é preto, do Capão (Redondo) e até que não é tão burro.


De uma hora pra outra aparecem uns malucos da periferia cantando rap, falando uns barato. Os caras  não estão acostumados a ver sair pessoas da periferia com ideias.

É como se fosse um barato excêntrico. É,  eu acho que o Racionais é excêntrico...




A Educação Branca:


A cultura européia vê o negro como coadjuvante, só na sombra.

A maioria dos pretos que entram nas escolas de branco e vira doutor fica chato pra caramba. Ele não é preto. E também não é branco.  É igual um braço querer ser igual a nós. Ele tá sendo um barato que ele não é.





Sonho:



Todo mundo acha que eu tenho que falar em prol de um grande número de pessoas, só que eu falo do que tá do meu lado.  Os problemas dos camaradas. Eu quero que todo mundo da quebrada, da região, viva bem.

 Só que cada um tem um sonho diferente do outro.



USA


...(  ) Quanto aos Estados Unidos,  se o mundo for acabar, vai começar por lá.


  Agora, uma “pá de bagulho” que vem de lá é da hora. Tudo o que é chique é americano. Não dá pra negar. A pior burrice é criticar o que é da hora e fingir que não é.


O Brasil também é um país da hora, só não sabe, não descobriu. A culpa é do nosso governo, que é igual puta que perde status. Não bate bem.


O que falta ao Brasil é um governante à altura para defender os interesses do país. O governo americano defende os interesses dele.




Ser ruim:


Ser ruim é o cara que não perdoa. Ou que troca uma amizade para conseguir alguma coisa por dinheiro.




Classes e conflitos sociais:


Não li muitos livros. Tem muito discurso pronto: “O pobre é coitadinho e o rico é filho da puta”. Na verdade, quem tá por baixo sempre é coitado.

Só que tá do jeito que o diabo gosta.




Religião:


Eu freqüento uma igreja evangélica aqui da quebrada. Já simpatizei com o candomblé. 

Agora, quando minha família ia pro candomblé, não tinha nem pra comer. O candomblé mexe com coisa que não é da alçada do ser humano.


Eu acho que existe uma força maior. Acredito em Deus, que Jesus existiu mesmo, que ele fez o que falam. Não que eu vá seguir pessoas. Se eu tentar me espelhar num crente, vou me danar. Tem que ir pela palavra, não num ser humano que é igual a mim.

Todo mundo quer analisar a religião pelas pessoas. 

Você pode encontrar pessoas boas e pessoas más numa igreja. Você não pode seguir o homem, mas a palavra.

Se fosse para seguir o homem não existiria Deus e essas coisas. Como pode existir a criatura? Precisa de criador. É outro assunto.



Mídia:


Ajo como um preto deveria agir. Digo não pras coisas que todo mundo acha que eu deveria dizer sim. Nós não precisamos disso aí ".

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