quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Em sala- ou divâ (colagens)





" OS HOMENS DESEJAM AS MULHERES QUE NÃO EXISTEM"


" Vejo que no Brasil o feminismo se vulgarizou numa liberdade de "objetos", produziu mulheres livres como coisas, livres como "produtos perfeitos".



Talvez este artigo seja moralista, talvez as uvas da inveja estejam verdes, mas eu olho as revistas de mulheres nuas e só vejo paisagens; não vejo pessoas com defeitos, medos.



Só vejo meninas competindo no mercado, em contorções eróticas desesperadas porque não têm mais o que mostrar.



Estas querem dinheiro, claro, lugar social, respeito, mas posam como imaginam que os homens as querem. Como se fossem apenas corpos sem vida interior, de modo a não incomodar com chateações os homens que as consomem.


A pessoa delas não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele. Mas, que nos prometem essas mulheres virtuais?



Elas figuram ser odaliscas de um paraíso de mercado, último andar de uma torre que os homens atingiriam depois de suas Ferraris, seus Armanis, ouros e sucesso; elas são o coroamento de um narcisismo yuppie, as 11 mil virgens de um paraíso para executivos.


Mas o problema continua: como abordar mulheres que parecem paisagens? Nas revistas, são tão perfeitas que parecem dispensar parceiros, estão tão nuas que parecem namoradas de si mesmas.

Mas, na verdade, muitas querem amar e ser amadas, embora tenham de ralar nos haréns virtuais inventados pelos machos. Elas têm de fingir que não são reais, pois ninguém quer ser real hoje em dia.



Por isso, com crises econômicas, o grande sucesso são as meninas belas e saradas, enchendo os sites na internet... Essas lindas mulheres são pagas para não existir.

Vi um anúncio de boneca inflável que tinha o seguinte slogan: "She needs no food nor stupid conversation." Essa é a utopia masculina: satisfação plena sem sofrimento ou realidade.



A democracia de massas, mesclada ao subdesenvolvimento cultural, parece "libertar" as mulheres. Ilusão à toa... A "libertação da mulher" numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: muitas como superobjetos se pensando livres, mas aprisionados numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor ou dinheiro.


A liberdade de mercado produziu um estranho e falso "mercado da liberdade". As coisas já mandam em tudo, como a invasão das bolhas, num fime B de terror".

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