"Com todo o respeito, a feminilidade de Rita Hayworth tirando suas luvas em Gilda é apenas uma grosseria, se comparada à feminilidade de um grupo de girafas correndo em campo aberto em Hatari!.
Quando foge do caçador, a girafa mal encosta os pés no chão.
Dos pés ao pescoço, seu corpo contém as ideias de força e leveza, como se o animal tivesse duas naturezas, uma aérea e outra terrestre.
No filme, a girafa encontra correspondência em Dallas (Elsa Martinelli). Olhando com atenção, pode-se perceber que a montagem sugere essa correspondência.
No momento em que a girafa é aprisionada, alternam-se planos dela e de Dallas.
( O desenvolvimento do filme, contudo, diz : A mulher sabe aonde vai com mais precisão do que o homem. Ao menos do que Sean, o homem-rinoceronte, cuja afetividade está envolta numa carcaça tão resistente quanto a do rinoceronte).
Hatari! se propõe, ao primeiro olhar, como filme de caçada.
Vendo-o com mais atenção, as coisas não são tão simples assim.
Entre a razão e a emoção, o ar e a terra- Os exteriores são enquadrados com a linha do horizonte aproximadamente na metade do quadro-, os homens e os animais desenvolve-se a trama.
A palavra trama não deve ser entendida aqui no sentido de enredo. Hatari! não tem enredo.
É a química do encontro de uma série de sequências, ao longo das quais define-se o equilíbrio entre os elementos que compõem o universo.
Essa arte que Hawks desenvolveu desde os anos 1920, antecipa um tipo de modernidade cinematográfica.
Em "Hatari!", esse procedimento chega a uma radicalidade sem precedentes.
À luz do futuro (Antonioni, Nouvelle Vague, etc.), esse passado mostra com mais desenvoltura o tamanho de sua modernidade. Não é por nada que, quanto mais passa o tempo, mais Hatari! se torna atual."
(I. A.)
No momento em que a girafa é aprisionada, alternam-se planos dela e de Dallas.
( O desenvolvimento do filme, contudo, diz : A mulher sabe aonde vai com mais precisão do que o homem. Ao menos do que Sean, o homem-rinoceronte, cuja afetividade está envolta numa carcaça tão resistente quanto a do rinoceronte).
Hatari! se propõe, ao primeiro olhar, como filme de caçada.
Vendo-o com mais atenção, as coisas não são tão simples assim.
Entre a razão e a emoção, o ar e a terra- Os exteriores são enquadrados com a linha do horizonte aproximadamente na metade do quadro-, os homens e os animais desenvolve-se a trama.
A palavra trama não deve ser entendida aqui no sentido de enredo. Hatari! não tem enredo.
É a química do encontro de uma série de sequências, ao longo das quais define-se o equilíbrio entre os elementos que compõem o universo.
Essa arte que Hawks desenvolveu desde os anos 1920, antecipa um tipo de modernidade cinematográfica.
Em "Hatari!", esse procedimento chega a uma radicalidade sem precedentes.
À luz do futuro (Antonioni, Nouvelle Vague, etc.), esse passado mostra com mais desenvoltura o tamanho de sua modernidade. Não é por nada que, quanto mais passa o tempo, mais Hatari! se torna atual."
(I. A.)
''Hatari!', como um bom vinho, fica melhor com o passar do tempo. Obra-primíssima!!
ResponderExcluirHatari! só cresce. Vero.
ResponderExcluirSão blocos com graça autônoma.
Hawks já fazia isso muito bem, mas não com tamanha liberdade.
É dos meus filmes favoritos!