sexta-feira, 30 de abril de 2010





Ao final de o Grande Ditador,de Charlie Chaplin acompanhamos uma espécie de indistinção do ser em uma imagem que flutua até chegar àquele momento chave:um nazista que é um barbeiro judeu a discursar com o bigode e o tom inflamado de Hitler.

Em seu filme seguinte,Monsieur Verdoux,o diretor retoma o ambiente de guerra junto à figura de assassino em massa.Mas,dessa feita,trata-se de um protagonista inserido na "normalidade" do cotidiano americano,que opera como alegoria a denunciar um tipo de crueldade instalada como"comum" e perpretada por homens comuns.

Que é onde se prolonga e se apura o questionamento do filme anterior e,de um modo geral,de toda a obra do diretor:Quais seriam as proporções-e possibilidades- de um homem na imagem?Flutuamos de um barbeiro judeu com sua gilete a um nazista e vice-versa,de um homem de negócios,zeloso do lar a um criminoso em potencial,mas que, em um dado momento, poupa a vida de uma indefesa.


Há ainda outra sobreposição:


" Verdoux é uma das saídas para o Carlitos dos primeiros tempos.A consagração de um aspecto que desde então não deixou de renegar ou recalcar.Só é um "anticarlitos" na medida em que materializa as tendências que Carlitos continha em si. Mas,de uma maneira ou de outra,é a mesma crítica,a mesma feroz ironia.

A sociedade que recalcava Carlitos por ser "subversivo" condena Verdoux,que não está à margem da dita sociedade.Sem defesa contra um Carlitos que só podia excluir ou fingir ignorar,pode dar-se ao luxo de levá-lo ao cadafalso."(Jean Mitry)


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