domingo, 6 de junho de 2010

Ps- Alice(de novo)




Alguém falou sobre espírito antiguado,de coisas antigas em Alice.
É a forma,a meu ver,de resgate,de enfrentamento da descrença do olhar,da fábula.
Quando se filma a trupe toda tomando chá,em um ambiente decadentista,é por se saber,de antemão,que aquilo pertencia a outra obra, a outro contexto.No atual momento,o que há são cacos de copos,xícaras furadas,etc.
Alice precisa passar por isso,como se recolasse os cacos dispostos.

Se antes,nas fábulas orais(como nas comunidades de campo,familiares ou outras),escritas ou visuais(como no período primário e experimental do cinema),havia um processo de iniciação de ouvidos ou de olhar,no filme de Tim Burton olha-se os cadáveres,os cacos de frente para,a partir deles,operar a reiniciação.
Da menina que se torna mulher.Como Shyamalan que,em A Dama na Água,parte de um ambiente fúnebre,baço de um condomínio, para o reintensificar,como mergulho no mito,como se tudo passasse,naquela ninfa,por um primeiro olhar.Não à toa Tim Burton evoca musicais em seus filmes,como o gênero de associação da oralidade do mito com a visualidade do cinema mudo,como já foi falado aqui no comentário sobre O Lúdico Hoje no Cinema.
Depois retomamos,que o tempo está curto.


A foto é do filme A Dama na Água que, se não é perfeito,não deixa de ser encantador e radical em suas propostas.
É que após o filme Sinais,Shyamalan foi se tornando um cineasta cada vez mais estranho,um corpo inusitado de "cinema popular" para seus antigos admiradores(Os de Sexto Sentido e Corpo Fechado).O que não deixa de ser compreensível.E talvez com aparência de não tão "erudito" a outros apreciadores de filmes.Ou seja,um artista pretensamente mais ingênuo ou inocente.Ledo engano.Basta rever as obras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário