sábado, 10 de julho de 2010

To Play(Continuação)






Dando continuidade a dois filmes para cada diretor:


Abbas Kiarostami - Gosto de Cereja e Onde fica a casa de meu amigo?

Ode à prospecção do mínimo na vida.
O minimalismo do segundo influenciaria diretamente o conhecido Balão Branco, de Jafar Panahi

M.Night Shyamalan - Fim dos Tempos e A Vila.

O suspense calcado no nada ou no imaterial, junto a um novo sentido do contemplativo para o cinema ocidental, materializados por um herdeiro da Índia.

Billy Wilder - Se meu apartamento falasse e Crepúsculo dos Deuses.

No primeiro, o sublime e a irrisão em equilíbrio e alternância. Soma, em uma palavra. Obra-prima.

No segundo, um museu abandonado de/por Hollywood, e seus cadáveres empalhados, em desfile para as câmeras de B.Wilder.
O diretor em complexo domínio de atmosferas, em uma obra que, como Um Retrato de Mulher (Fritz Lang) ou Um Corpo que Cai (Hitchcock), aponta a imagem como instância consumidora do homem, mas em escalada industrial.
Filme atual pela situação narcísica daquele (ou daquela) que se torna escravo do olhar e da miragem do desejo do outro, como alimento para seu sentido de vida. Nesse caso, a “inexistência” de si, a fantasmagoria da imagem tende, no desenrolar da obra, a crescer, a um ponto de se autoconsumir no/ e com o espectador no plano de desfecho.

Nicholas Ray - Amargo Triunfo e Sangue sobre a neve

No primeiro caso-aparentemente um “filme de guerra”-, o cinema de estúdio norte-americano a passar por uma experiência quase autofágica em sua aspereza.
Trata-se de drama Shakespeareano passado em desertos, filmados experimentalmente.

Já no segundo, Ray fez como Vincente Minnelli, a investir Hollywood de plena poesia, sem vãos pudores.

Michelangelo Antonioni - O Eclipse e Blow up

Para começar, Antonioni transita, em mesma obra, de um radicalismo objetivo até chegar ao furor da abstração, levando ao limite expressivo a experiência iniciada com o filme A Aventura, em torno da aporia moderna e da crise burguesa.
Aqui, como implosão extremada do cinema enquanto instituinte de ordem e de representação, seja ela realista - de observação-, intimista ou teatralizada.

Já na obra filme homenageada por De Palma em Blow out, as instâncias do objetivo e do subjetivo se confundem ao ponto de provocarem a imersão e dissolução dos personagens na imagem e sua cultura imperativa.

Tim Burton - Edward mãos de Tesoura e O Planeta dos Macacos.

De início, pensei em Batman,o Retorno, mas ainda cabe uma protelada revisão.

Permanece o segundo por constituir uma estranha superprodução na maneira de enxergar modos de vida com insólito humor - seja ele selvagem ou propositalmente patético-, calcado em anticlímaxes no limiar do terror. Mais horror do que terror, é verdade.

O ambiente e atmosfera de arquitetura gótica dos primeiros Batmans do diretor, em que formas estilizadas, sombrias voltavam-se contra e para si mesmas, reinstala-se, dessa feita, em catacumbas inscritas nos desertos ou em moradias.
Tal medievalismo e seus signos ancestrais de poder e de autocentramento sombrio dos seres, equivalerá, nessa ficção personalizada, ao evocado contexto de nossa civilização informatizada que, quanto mais “progrediria”, também mais se voltaria para e contra si mesma.

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