quinta-feira, 6 de setembro de 2012




Blake Edwards é antes de tudo um cineasta vivo.

Ele sabe descobrir o movimento que anima dois seres um rumo ao outro. Sua experiência pessoal, até hoje, nada mais é do que a compreensão do nascimento e da existência do amor.
Ele sabe no...
s fazer ver e perceber o amor tanto à sua origem, no momento do encontro entre dois seres, como no seu movimento, sob as formas que estabelecem as condições de suas relações – em todos os níveis. Daí essa gravidade da emoção que nos arrebata durante cenas como nós raramente as vimos, tão vivas como um organismo.

A cena inteira é um organismo vivo, de coração aberto. Nós assistimos a olho nu o batimento de um coração – e ao mesmo tempo sentimos e percebemos os batimentos do nosso – e a vida de repente encontra-se em nós, ao mesmo tempo que um conhecimento completo nos é dado do élan vital.

Se há um cineasta que toca e desperta em nós a vida mais orgânica, essa vida que é a matéria e a própria expressão do seu trabalho, é certamente Blake Edwards cuja atenção não é torpe como a da maioria dos cineastas, mas ao contrário, alerta e ativa - daí essa sensação de vida. Ela é uma das raras que podem durar longamente, tanto dentro de uma cena como na totalidade de um filme.

Blake Edwards só pode ser o autor de filmes pessoais de contatos vitais com ele. O calor de certas cenas prova, enfim, que sua sensibilidade, longe de fechar-se em si mesma, é ao contrário receptiva e reativa à realidade e aos acontecimentos do mundo."

( Pierre Rissient, Présence du cinéma)

Tradução- Felipe Medeiros

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