sexta-feira, 16 de novembro de 2012



" O único esforço possível é afastar essa sombra da intenção, da interpretação. E ver o que está no filme.

Veja: até os anos 50, o Alfred Hitchcock, o Howard Hawks não valiam nada. Eram considerados apenas bons diretores de filmes comerciais.


Aí vieram os jovens turcos dos Cahiers du Cinéma e revisaram tudo. Não foi fácil. Lendo os artigos de Truffaut, Rohmer, Godard, Rivette, Douchet, você percebe que eles tiveram até de se opor com certa violência ao André Bazin..., para

impor esses cineastas.


E qual a particularidade dessa operação? É que esses cineastas eram extremamente populares.
Então, os Cahiers são um momento em que o pensamento crítico e o gosto popular se encontram.

Vendo retrospectivamente, nós podemos observar que, sobretudo para o cinema americano, o público tinha um olhar muito mais sofisticado, muito mais aparelhado do que os críticos da época.

Por que isso? Porque os críticos interpretavam. Eles não olhavam.

Essa é a grande lição dos Cahiers....Fizeram para crítica mais ou menos o que Griffith fez para o cinema.

O que aconteceu de lá pra cá, porém, é curioso. O cinema se "elitizou".

Isto é, um público com formação literária é que começou a ditar o gosto e daí, talvez, é que tenha nascido o "filme de arte", no mau sentido da palavra, esses filmes cheios de pretensão, cheios de coisa, mas que, você vai ver, não servem nem para lamber as botas de um Murnau, de um Fritz Lang."

( Inácio Araújo)

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