quarta-feira, 7 de novembro de 2012




"O Vento nos Levará", de 1999, nos joga no território da abstração. Aqui, o personagem- o engenheiro de uma aldeia no Curdistão iraniano- percorrerá as mesmas estradas sinuosas.
Mas podemos nos perguntar- por quê?


Em outros filmes, sabíamos o que estava em questão. Aqui, bem menos.

Por que o engenheiro está nessa aldeia? Em princípio é um segredo. " Se perguntarem, digam que procuro um tesouro", diz.


Nos filmes anteriores de Kiarostami, sabíamos, bem ou mal, com o que estávamos à volta. Aqui, o sentido é sugerido, mas em seguida deslocado.

Podemos nos perguntar se é mesmo um engenheiro ( não poderia ser um cineasta em busca de assunto?).

Em síntese, assim como as pessoas da aldeia, ignoramos quem são os protaginistas da história, seus motivos, o que buscam.

Só temos contato com o tempo- a duração e a evolução das coisas.


Engana-se quem imaginar que Kiarostami tende a mostrar o que é a vida numa aldeia. Ao contrário, de certa forma postula a impossibilidade do documentário, da pretensão de mostrar a "realidade".

Como as águas de um rio, a vida e a morte aqui não podem ser apreendidas. São um mistério. "Um tesouro que busca".

Nada do que vemos é especialmente significativo.
É o correr do tempo, sua incidência sobre as coisas o que nos hipnotiza e nos carrega."

( I. A.)

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