sábado, 5 de setembro de 2009



Nesse período de limiar do nascimento da minha filha até sua bem definida chegada ao mundo(faz uns 4 meses, aliás que dia do mês é hoje?), meu pendor diletante foi um tanto sacrificado e acabei perdendo alguns shows de peso:Milton com os músicos de jazz foi um. Agora é a vez de mais um do mesmo Milton...Engraçado que não vejo muita relação entre ele e a Rita Lee, que estará em Três Pontas também e me parece que no mesmo dia.E isso me consola um pouco.Não consigo me agradar muito desses eventos com vários artistas a entulhar o palco, muitas vezes sem muita relação entre um e outro.
O outro show que irei perder será o do Tony Bennett em BH.TB é um desses artistas que eu não levava muito à sério em meu período de adolescência/aborrecente(talvez eu fosse metido à "pra frentex", que morava na casa do rock/pop, essas bobagens...).
Tony Bennett em seus melhores momentos é a vocalização translúcida e também encorpada, com grande domínio de ritmo e respiração, sempre com essa sabedoria dos grandes intérpretes em saber deslocar sutilmente as mordaças melódicas.Não que ele não valorize o melódico. Mas, um tanto distinto da maneira Sinatra de cantar,,Bennett parece por vezes "se apagar", buscando uma espécie de "neutralidade"na interpretação,de maneira que a força da música cresça intensamente nele,a partir da generosidade modesta de sua suposta anulação.Lógico que toda essa aparente anulação é perfeitamente calculada e sua atitude de intérprete acaba por tornar a música extremamente viva e sui gêneris, elegante, como se ela já nascesse com sua limpidez elevada à enésima potência.
Da mesma maneira que existe o "corte invisível" no cinema, existe o "corte invisível" em Tony Bennett, que canta como se a própria canção contivesse em sua imanência todas essas qualidades que ele destaca.Ou seja, sua arte consiste em não deixar perceber o que há de tão "artístico"na particularidade de sua interpretação, o que houve de esforço,etc...E tudo parece tão simples e "natural"tanto quanto Fred Astaire sapateando que, em ambos os casos, chega-se a antever mesmo um sobrepairar flutuante de seus corpos ou vozes.Parece fácil?Ledo engano.
Que venha o último Príncipe dessas gerações.Quantos aos segredos dessa arte, seria melhor que ele contasse tudo agora, antes de finalmente partir( de uma vez por todas).

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