domingo, 14 de março de 2010

PS

A revisão de Sobre Meninos e Lobos tocou em alguns pontos problemas que já havia detectado nas demais revisões. Dessa feita, com um pouco maior de ênfase. ”Ênfase”, aliás, é a palavra.

Pode-se por aqui observar de distinto da maioria da obra do Clint uma necessidade de "maior seriedade". Desde o instante em que os garotos estão brincando na rua até o desfecho, a obra carrega consigo um certo tipo de tom solene,não estando muito distante do que seria um filme de tese.

Sobre Meninos e Lobos tende sempre ao enfático. Seja na sobreinterpretação de Sean Penn,na marca de cruz em seu corpo mostrada lentamente ao final,nas insígnias místicas dos violentadores de criança ao início.Ou na recorrência das palavras "lobos" e "vampiros" ao longo do filme.

Quem conhece a obra do diretor sabe muito bem que palavras como essas não precisam ser repetidas. Basta uma luz mais baixa ou uma figura solitária andando na rua para que ganhem um mundo de significados, de histórias.Ponto(como o diretor já dizia de Henry Fonda na cadeira em Paixão dos Fortes,de John Ford).Sobre Meninos precisa sempre buscar um discurso para acrescentar ou mesmo substituir esses detalhes.Com isso, os mesmos perdem uma boa chance de comparecer “por si”, de impor seu próprio tempo e espaço.

Nesse aspecto, Sobre Meninos estaria mais para um “metaEastwood”.O filme corre até o final preocupado com sua “profundidade” literária que, se não seria essa uma grande vocação do cinema ,do diretor, ainda menos(Densidade sim,mas com outro tipo de profundidade).

Quem parece carregar toda a culpa no filme não é a principal vítima entre os (ex)-amigos(Tim Robbins), mas sua esposa. A superinterpretação da moça beira à novela mexicana.

Mesmo com esses senões, gosto bem do filme. Tem seu vigor e a passagem em que a esposa de Penn o chama de “Rei” não perde a força no jogo demonstrativo-momento em que Eastwood retoma a figura do pai, explicitando a dimensão falida desse instituinte no mundo moderno.

Uma obra tão autoconsciente em suas operações (embora não significasse nada se não afetasse um tanto o jogo de cena e interpretativo, por vezes um tanto alheio aos pontos fortes da obra do diretor),conta,contudo,com um Kavin Bacon em versão suavizada do próprio Clint Eastwood.É ele(e não Sean Penn), quem se destaca, em seus pequenos e lacônicos olhares e expressões.

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