segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Te Recomendo,Lê




A Lenice me pediu uma dica de filmes novos da indústria,muita embora dizendo que tem medo de "meus" filmes :"muito cabeça".
Bem,poderia escolher umas mulas sem cabeça,ou antes,filmes mais descabeçados,mas o engraçado nisso tudo é que os diretores de que mais gosto:Hawks,Rohmer,Renoir,Hitchcock...são muito inteligentes,até concordo,mas não (tipicamente) "cabecistas".
O que vem ao caso é que, para ela que optou por filmes norte-americanos(no meu caso de morar no interior o acesso é também muito maior a esses),facinho,facinho seria indicar um excepcional "Gran Torino",do Clint Eastwood,ou um revirador e inversor de clichês,como o instigante "Fim dos Tempos"(Shyamalan),mas talvez esse último soe mesmo como mais "hermético".Pelo menos em suas reais qualidades.Mas como o admiro.
Poderia voltar um pouco ao faroeste contemporâneo de um,no mínimo admirável "Marcas da Violência"( David Cronenbergue),não me esquecendo,claro, de que o do Clint Eastwood também passa muito bem por esse estado de espírito: A América(do norte)voltando à sua condição de western primário,dessa feita apinhada de anti-heróis.
Mas, por fim,quis indicar mesmo algo do James Gray,o comentado "Amantes",que até então não havia encontrado por essas "pragas".E eis que ontem consegui topar com ele(muchas gratias!).
O início é bem animador e cheio de uma atmosfera mais introspectiva.
No entanto,as breves tomadas das ruas de Nova York,discretas,foram me parecendo bem mais consistentes do que as dos interiores,que é onde a maioria do filme,de fato,se passa.O que,para um projeto com pretensões mais intimistas,não deixa de indicar um certo e considerável limite.
No mais,no triângulo amoroso,que é o eixo da trama com suas questões,a moça que ama o protagonista e é consideravelmente preterida por ele,comparece com mil vezes mais carisma do que a real preferida do moço,vivida por Gwyneth Paltrow.Proposital ou não,a coisa não funciona tão bem.
Há uma certa forçação de barra nesse intimismo pelo desenrolar da obra,apesar da forte humanidade de seus protagonistas(não confundir humanidade com gestos humanitários),que,por melhor que seja "Amantes",na verdade um filme de destaque em meio a tanta ninharia da indústria,não consegui recomendá-lo com a força e a convicção que,antes de vê-lo, pensei que teria.
É bom?Com certeza.Mas prefiro o anterior desse sensível cineasta chamado James Gray:Os Donos da Noite é muito mais vivo, vivo-físico, mas com um intimismo menos óbvio,mais na surdina.E que surdina!E que vivacidade!Esse sim é,no mínimo,um ótimo filme.Recomendo-o com muita força,leveza interior e nenhum pesar,Lelê.

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