terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Confusões




Vendo uma reportagem sobre o livro de Peter Biskind sobre a geração da contracultura em Hollywood,uma frase de efeito me pareceu fora de lugar.A de que diretores como John Ford se preocupavam em entreter, enquanto a turma de Scorsese,Coppola,Dennis Hopper e muitos outros estaria interessada em algo artístico e pessoal.Confesso que até hoje não consigo entender essas dicotomias.É como aqueles fãs de rock que querem colocar um Paul McCartney num lugar secundário por fazer algo pop.Consideram que o pop é o lugar das concessões e o rock, o espaço por excelência da autenticidade.
Esse tipo de maniqueísmo é, no mínimo,tosco e acomodado.John Ford não é meu diretor favorito,mas tem muito de pessoal.Basta conhecer bem sua obra e ver como planejava seus planos,como durante a evolução de sua obra as preocupações iam se depurando e se reconfigurando com considerável coerência( na falta de uma palavra melhor).Mas isso talvez interesse menos.
Ao assistir a um filme como Sem Destino, o que vemos é uma sintonia com aqueles tempos,da mesma maneira que um filme de John Ford poderia muito bem estar sintonizado com as épocas precedentes,ainda que trabalhando a partir de mitos.Acontece que Sem Destino trabalha com o mito hippie,assim como o Poderoso Chefão com outro deles.
Cada época apresenta suas representações.Não se trata de mentira ou "realismo",mas sim de que o trabalho feito com arte atravessa seu tempo.Caso tanto de um John Ford quanto de um Scorsese em muitos filmes.
Por outra,não podemos nos esquecer de que um Poderoso Chefão,entre outros,guardava muito do espírito de estúdio e que os bons filmes da dita contracultura eram igualmente, em sua maioria,muito divertidos e vibrantes.

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