sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A Relembrar- para frente






A rigor, o que seria "ser alternativo" hoje?

Basta ser, sem a necessidade do marketing.

Reconhecer que ser "alternativo" é também ser comum, ou seja, mortal, apresentar necessidades fisiológicas, desejos, carências,..

Fazendo um pastiche, ou paródia de Caetano: "de perto ninguém é comum". Nem os que fazem esforço para sê-lo, para a extrema adaptação, ou a necessidade de tanto agradar ao outro. Por vezes, com as velhas piadas sem graça.

Ora, por ter de mostrar, de qualquer jeito, uma fajuta perfeição aos alheios.

Por outra, ninguém é meramente "alternativo", apesar de todo esforço cult, clubber da coisa.


"Alternativo"

Entre eles, não ter vergonha da poesia quando se fala em "morte da canção". Claro que não dá para se crer nisso, se considerarmos os vai e vens na/da arte. Assim, com todos os ventos e tempestades posso iniciar o ano também com leveza, ou seja, com ausência de sentimento de culpa pelo formato abaixo adotado por Manuel:

("Oh, Deus, será que sou alternativo"?)




Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:

-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:

-A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

-Antônia, você parece uma lagarta listrada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:

-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

(Manuel Bandeira)

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