segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mostra- 2






"E, em todas as obras que não são comédias musicais, mas simples comédias ou dramas, Minnelli precisa de um equivalente de dança e de canção que, sempre, introduz a personagem no sonho do outro.


...( ) É uma escada rolante enquanto movimento de mundo que, em "O Ponteiro da Saudade", quebra o salto do sapato da menina e a leva para o sonho acordado do soldado de licença.


Com "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse", precisa haver o pesado galope dos dançarinos e a terrível lembrança do pai fulminado para arrancar o esteta de seu próprio sonho e fazê-lo penetrar no pesadelo generalizado da guerra.


Portanto, a realidade será concebida ora como fundo de um pesadelo, ora como um acordo dos sonhos entre si- seguindo um final no qual cada um se encontra ao se absorver em seu oposto (em "Teu nome é Mulher", o dançarino que reconcilia os dois mundos em luta).


A relação do cenário-descrição e do movimento-dança não é mais, como em Donen( diretor de "Cantando na Chuva, "Dançando nas Nuvens") a de uma vista chapada com um desdobramento de espaço. Mas a de um mundo absorvente com uma passagem entre mundos, para o melhor ou pior.


Ninguém jamais aproximou tanto como Minnelli o musical de um mistério da memória, do sonho e do tempo tal como de um ponto de indiscernibilidade do real e do imaginário. Estranha e fascinante concepção do sonho, em que se torna mais e mais implicado na medida em que remete ao sonho de outro."

(Deleuze)


1- Fotos de "The Clock" ( No Brasil, "O Ponteiro da Saudade").

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