segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Planeta dos nazistas- 2







Os neunazismos apresentam várias formatos. Alguns mais diretos, como no caso dos garotos de universidade que aterrorizaram uma “gorda”.

Seja no caso de estudantes de uma escola particular que agrediram rapazes em São Paulo.

Há mesmo os que atearam fogo em índios, julgando ser os mesmos mendigos. Ou vice-versa? Sonetos de Hitler, por emendas de Mussolini.

Outra dessas formas, bem conectada às anteriores, encontra-se nas pesquisas realizadas por Joana de Vilhena Novaes.


Seu primeiro livro chama-se “O insustentável peso da feiúra”, em que a doutora em psicologia clínica abordou certo número de pessoas insatisfeitas com seu próprio corpo:


Segunda a pesquisadora, “ há pessoas que limitam sua vida social, deixam de ir à praia ou mesmo às festas. Muitas não namoram. Chamamos esta doença de dismorfia corporal.”


“As clássicas anorexia e bulimia se juntam hoje à ortorexia, que é a compulsão por alimentos
naturais, e à vigorexia, que é a dependência de exercícios físicos.”


“ As múltiplas intervenções cirúrgicas também entram nessa lista. Importante ressaltar que esse grupo de doentes da beleza é um número exponencialmente crescente.”


“O interesse pela cirurgia como forma de emagrecer está causando distorções. Pessoas que não têm o peso suficiente para a indicação da cirurgia preferem engordar até chegar ao ponto certo para ser operadas.”


“Outro tipo de operação que está crescendo é a cirurgia da intimidade. Por meio de métodos abrasivos, mulheres têm procurado médicos para clarear, diminuir ou aumentar o clitóris. Existem até adolescentes que, insatisfeitas com seu clitóris, fazem cirurgias para tentar se adequar a algum modelo que idealizam. Em breve, teremos um boom de modelos de genitálias”, diz a pesquisadora.


“De modo geral, a cosmetologia da genitália tem crescido muito. É hoje uma das grandes buscas das mulheres de classe média e alta.”


Segundo Joana, “a necessidade de se adequar aos padrões está acabando com a autoestima dessas mulheres”. Se elas não se sentem esteticamente adequadas, chegam a reprimir sua sexualidade.


“Já na primeira infância, os pais exercem uma regulação ferrenha, como fazem a si mesmos. Trata-se de um discurso imposto em que elas passaram a acreditar. Não é apenas uma questão de autoestima. Quem não se enquadra sofre uma exclusão real.”


“O resultado de tudo isso é que as doenças relacionadas à imagem emergem de forma violenta. O sujeito passa a ser o algoz do próprio corpo.”


(Joana de Vilhena Novaes é pesquisadora do Centro de Pesquisas de Psicanálise de Medicina da Universidade de Paris e criou o Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-RJ)

Excerto de sua entrevista para Martha Mendonça.

A pesquisadora está para lançar a obra “Com que corpo eu vou?”.

2 comentários:

  1. Procurei o livro "“O insustentável peso da feiúra" dela mas não achei. Quero comprar "Com que corpo eu vou?" que já li algo a respeito na internet. Tenho dismorfia e sei como é esse tormento que passamos a respeito de nossa aparência, fiz meu blog pra ajudar outras pessoas que tb tem isso.

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  2. Obrigado pela contribuição.
    Há quem pense que se trata de mero delírio e sabemos que não.

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