segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estereótipos nos papéis


 Desde a vinda de  Caminha ao país que já foi formada a cartilha portuguesa: uma visão exotizada dessa terra , que seria, em grande parte, copiada  por nossos poetas e romancistas no  movimento romântico.

 Claro que, em pouco tempo, o olhar "de fora" para os índios  chegaria para os negros, que  precisaram ser igualmente estereotipados a fim de  serem escravizados e, dessa forma, lançados para os guetos. 

Temos - gratias-  hoje certas mulheres do funk- mais espertas- a mencionar o estereótipo da "mulata exportação". 

E,  já antes disso, Noel Rosa  a cutucar os estereótipos,  gerados por gringos,  em uma música sobre leilão brasileiro:  a "ideia de mulata" ( não a mulata real )  ficou tão estereotipada  que,  em sua canção "Quem dá mais?"  vende-se o país inteiro ao exterior junto às chamadas "mulatas de exportação".

E como  somos  servis a olhares  "de fora". 

Ps- Uma dessas visões estereotipadas- e  já desmentida por várias vezes-,  é a de que o negro seria  necessariamente  "melhor de cama do que o branco", ou de que o  latino-americano seria, nesse quesito,  melhor do que um europeu, por exemplo. 

O que se comprovou é que nem sempre o que aparece como tal se dá- literalmente (?)- entre 4 paredes. Ou seja, que as coisas são mais individualizantes do que um mito generalizante.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Papéis sexuais no Brasil




 




1- Realizamos, em 2010 e 2011, uma análise quantitativa e qualitativa de periódicos impressos segmentados que, pela sua natureza, ao venderem estilos comportamentais e
 de vida,  aproximam sobremaneira o discurso jornalístico do discurso publicitário.


A análise foi realizada no ano de 2010 com as seguintes revistas: “Playboy”, “Veja”, “Nova” e “Atrevida”.  Para efeitos de comparação, foram analisadas no aspecto quantitativo as publicações dos EUA congêneres – “Seventeen”, “Playboy” (EUA), “Cosmopolitan” e “Time”.


A pesquisa demonstrou que a presença de negros na mídia dos EUA é ligeiramente maior do que no Brasil: a média é de 8,7 por cento contra quase 9 dos EUA.  A diferença seria insignificante não fosse pelo detalhe de que a população negra no Brasil é, segundo os dados, superior a 50 por cento contra 15 por cento nos EUA.

A distorção, portanto, no Brasil é muito maior do que nos Estados Unidos.



2- Na edição da revista “Nova”, de junho de 2010, a primeira imagem de uma mulher dentro da coluna “Over” é  a de uma moça  com pele mais escura. Logo abaixo, aparece uma mulher branca, mas usando dread locks,  tipo de penteado oriundo dos negros rastafáris.


No mês de setembro, na mesma seção, verifica-se duas informações eivadas de caráter preconceituoso: primeiro,  a referência  ao cabelo da cantora negra Rihanna como “over”  ( exagerado) - e também o tererê,  tipo de trança muito utilizada por meninas negras.



3- Objetificação da Negra-



Claro: A mídia objetifica a mulher ao colocá-la dentro da perspectiva de um objeto de consumo, daí sua forte presença imagética nos meios de comunicação como participante de um pacote de venda de sonhos. As publicações masculinas trabalham nesta perspectiva.

Entretanto, no caso específico da mulher negra, há uma radicalização dessa objetificação.


Nas poucas vezes em que modelos negras posam para a revista “Playboy” é ressaltado o caráter de puro objeto sexual, acima inclusive de, por exemplo, qualidades profissionais.  Mas no caso das mulheres brancas, o discurso da “Playboy”  se  inverte:  a nudez das mulheres vai no sentido de revelar uma face oculta de uma mulher que se estabeleceu, primeiramente,  como celebridade por atributos outros ( em geral, como atriz de telenovela da Globo).


No caso da mulher negra, o fato de ela ser atriz aparece como “plus”, uma cereja no bolo, pois o que se ressalta nela é a “ideia da mulata”.


Senão, vejamos:


Em um concurso feito pela revista chamado “ a  bunda mais bonita do Brasil”, várias modelos foram submetidas a votação dos leitores e as mais votadas tiveram  a  imagem de suas bundas publicadas na edição de outubro de 2010.

Quando se tratava de mulheres negras, as fotos publicadas sequer se preocupavam em mostrar rosto: apenas a bunda.    quanto às mulheres não negras, embora as fotos focassem suas bundas, os rostos  eram mostrados.

Esta perspectiva da objetificação  radicalizada da mulher negra se coaduna com o que é tolerado dentro de uma dimensão do escondido, do “irreverente, do exótico”  e não como parte de um  processo social brasileiro.



4- Concedendo um espaço insignificante para os afrodescendentes - inferior até mesmo aos Estados Unidos, país com percentual de negros três vezes menor do que o nosso-  a mídia cria pinceladas de participação negra em determinadas situações nas quais ela aparece sempre como algo exótico e voltado para a satisfação de curiosidade,  de desejo sexual   “diferente”.


Colocado nestes termos, a sociedade do consumo construída pela mídia permite uma pequena participação de negros e negras, mas sempre  como objetos de consumo sexual/ folclórico.


A transfiguração de que fala Otávio Ianni da sociedade em mercado, não transforma o cidadão negro em consumidor negro, mas sim em objeto de consumo. Este é o lugar do negro na construção e reconstrução social operadas no país.


(Dennis  de Oliveira- professor da Escola de Comunicação e Artes da USP. Coordenador do Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação e membro do Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Papéis sexuais- 2





....(  )  " Temos também o personagem de Louis Jourdan em "Gigi", um dândi  que parece estar no mundo apenas para desfilar  e desprezar as mulheres, até que se apaixona, sabe-se lá por quê, pela graciosa jovem do título. 



É mais um personagem minnelliano, cuja masculinidade não responde pelo que a sociedade entendia na época.






Em "Chá e Simpatia", temos uma mulher cerceada pela sociedade da época. Em meados dos anos 50, numa cidade interiorana dos anos 50,  dominada por ignorantes e machistas,  ela faz o que pode para evitar um linchamento moral de um "rapaz delicado" que se apaixona por ela ( algo que ela só descobre no terço final).


Mas o que ela pode é pouco,  pelo tanto que é tolhida pelas convenções. Assiste às humilhações impostas pelos machinhos do campus ao "sister boy". O que ela esconde, inclusive dela mesma, é que ela também se apaixonou pelo esse rapaz, que de sua janela no apartamento de cima fazia uma "serenata invertida" enquanto ela cuidava do jardim."


 ( Luiz Carlos Júnior e Sérgio Alpendre, em texto sobre obra de Vincente Minnelli).


( Continua...)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

" O sexo e seus papéis" - 1 ( em sala)




Como o tema tem voltado à baila em rodas de amigos, salas de aula e facebooks,  aí vai:

 

“O que pretendemos neste texto é ver de que maneira alguns temas considerados pouco masculinos segundo uma sociedade ainda machista surgem nos filmes do diretor Vincente Minnelli  como forma de nos mostrar uma visão mais multifacetada da masculinidade.


De que maneira, para Minnelli, as noções do que é ser homem ainda eram completamente equivocadas naquele tempo, como se um homem não pudesse costurar, ser cabeleireiro, coreógrafo, bailarino ou decorador.


Numa linha semelhante, é como se um homossexual não pudesse ser bom de briga, jogar futebol, caçar ou realizar alguma outra prática associada ao universo masculino.


É importante notar que, uma vez que os questionamentos feitos nesses filmes ainda encontram eco em nossos dias, a conclusão a que podemos chegar é que a sociedade pouco progrediu nesse sentido nos últimos cinqüenta e tantos anos.


Em “Herança da Carne”, Theron é o rapaz de temperamento artístico que se encontra dividido entre a educação refinada da mãe e os modos machistas do pai, um rancheiro do Texas.

Temos a “feminilidade” do humanista interessado nas artes contra a masculinidade do guerreiro do século XX, caçador de animais selvagens. São dicotomias há muito desmanteladas, mas Minnelli as costura de modo a enredar uma série de subtemas.


Já em  “Chá e Simpatia”,  Tom é um  jovem de 17 anos cuja masculinidade é questionada desde o momento em que colegas universitários o vêem costurando em companhia de mulheres mais velhas. Começam a chamá-lo de “sister boy.”


O pai, em visita esporádica ao campus da faculdade, presencia uma partida de tênis, e nela percebe que a torcida para seu filho é bem diferente da que queria encontrar - um grupo minoritário de nerds-, e a torcida adversária é formada por sarados atletas.


O filme atrasa um bocado, propositadamente, a revelação que esclareceria se o sentimento que Tom sente por Laura, a esposa de um dos professores, é de amor de um homem por uma mulher ou de comunhão de dois espíritos semelhantes.  A engenhosidade de Minnelli está outra vez nas entrelinhas.

Estas permitem a intuição de que o sentimento poderia ter ambos os lados, o da sintonia espiritual e o da atração carnal, apesar de Minnelli, a certa altura, deixar meio evidente que é o segundo lado quem comanda.

( )....  Temos, assim, um herói que prefere tomar chá e conversar sobre artes ou ficar sozinho ouvindo música, a ir a farras universitárias e festas de pijama,  rituais das comunidades universitárias americanas.

Temos também uma mulher dotada de enorme coração, que entende os problemas da sociedade e os ruídos de comunicação entre os homens. 

Por fim, temos um ideário de comportamento masculino que oprime a todos, vítimas e algozes morais.

Em “Chá e Simpatia”, lidamos então com preconceitos profundos, com uma noção redutora e específica de masculinidade ( palavra repetida a todo momento dentro do filme), uma noção que anula todas as outras”.

 Luiz Carlos Oliveira Júnior e Sérgio Alpendre.

 (Continua...)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Em sala: Cinema e Nazismo- 2








ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO / Undergångens Arkitektur / The Architecture of Doom (1989), de Peter Cohen




"Conhecemos o nazismo pelos seus efeitos: a guerra, os campos de concentração, o genocídio – em suma, um período de trevas sem precedentes na História. Conhecemos bem menos seus fundamentos.



É sobre eles que trabalha este documentário realizado pelo diretor Peter Cohen.


Cohen procura entender como raciocinavam Hitler e seus seguidores, a partir da missão que se atribuiu o nazismo: embelezar o mundo. 



Não é um ponto de partida inédito. Sabe-se que Hitler tinha a obsessão de regenerar a Alemanha – e a Europa – a partir dos conceitos de beleza e saúde. 




A demonstração, ao contrário, é. O paradoxo nazista, para ele, é: como conceber um mundo dominado pelos ideais de beleza e saúde e chegar aonde chegou? Para buscar uma resposta convincente
o diretor revirou arquivos em toda a Europa, EUA, Israel. 



Aqui, entra o papel das imagens. Conhecem-se muitas ideias de Hitler: seu culto à Antiguidade, o temor do caos,
a alergia ao que considerava degeneração.


Mas como elas constroem um pensamento político, um sistema de crenças? Como, enfim, arquitetam a destruição? 



É a isso que só as imagens podem responder. 



Basta ver artistas, médicos, arquitetos com uniformes militares (bem antes da guerra) para entender o caráter nefasto da proximidade entre arte, ciência e poder. 



Esse caráter se evidencia sobretudo na propaganda produzida pelo nazismo. Cohen justapõe essas peças:

Uma exposição de "arte purificada" e outra de "arte degenerada", um documentário sobre os efeitos tenebrosos da miscigenação (difundia-se a crença de que ela era responsável for deformações
 e criava-se disposição favorável à eliminar essas vítimas do passado) e outro conclamando a população a confiar em seus médicos.



Mais adiante, confrontam-se as ruínas de Atenas aos projetos arquitetônicos de Albert Speer.




Daí a propor a extinção dos judeus, a volta da escravatura, a eliminação de civilizações inteiras é um passo. E essas ideias não se tornam menos monstruosas só porque se mostram em seu funcionamento sistemático. Ao contrário. 



É quando mostra a sua face humana que o nazismo é mais tenebroso.


Nos faz lembrar que os caminhos do mal são bem menos lineares do que tendemos a acreditar. Pior, que não existe um nazismo morto e exorcizado.


Ele foi um fenômeno cotidiano, em certos aspectos ameno, quase delicado. 


Expor essa natureza e os perigos que traz – para
o futuro –, fazê-lo com clareza e inteligência são aspectos que tornam Arquitetura da Destruição um trabalho documental e histórico primoroso".

 (I.A.)

Estética Nazista no cinema- 1



 
  
 
 
"TRIUNFO DA VONTADE (1935),
 de Leni Riefenstahl" 
 
 
 
Leni Riefenstahl, autora de 
O Triunfo da Vontade, ainda 
é um problema.Como situá-la?
 
 
É artista ou propagandista;
nazista ou testemunha
de seu tempo?
 
 
Cada nova visão do Triunfo 
embaralha as cartas. 
 
  
 
Esse documentário não é,
em princípio, mais do que
o registro filmado
do congresso de 1934,
em Nuremberg, onde se reuniram 
os líderes nazistas
e seus adeptos. 


E a estética de Riefenstahl 
é nazista. 
 
 
A beleza dos
planos baixos 
não exalta o homem–
essa instituição falível–,
mas a perfeição do homem.
 
 
 Perfeição física, 
pois o nazismo recalcava 
as imperfeições,
dando-as como indesejável
consequência da miscigenação".
 
 
 (I. Aráujo)
 
 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nazi-beleza ( continuação) e violência







No o mito: “As garotas bonitas”, em 2007, uma garota de 12 anos chamada Maddison Gabriel causou frisson no desfile de moda Gold Coast, da Austrália. Um blogueiro observou com indisfarçável cinismo:  “crianças também conseguem ser “hot”.


Em maio, a apresentadora Xuxa foi saudada pela mídia por aparecer ladeada por duas jovens gêmeas, de 14 anos e, segundo a mídia, tornou-se espécie de madrinha das meninas para tornarem-se modelos. Essa carreira tem sido apresentada como ideal para “garotas bonitas”. Só não falam dos problemas da profissão, nem de como meninas que supostamente não são assim tão “bonitas” devem fazer. Resta a frustração.

4-


“Ser violento é sexy” é o outro mito defendido pela escritora. Em diversos filmes, a violência contra garotas é apresentada como natural e punitiva. Neles,  tanto as garotas “boas” quanto as garotas “más” são assassinadas com o mesmo prazer.


Uma série de filmes de terror  muito apreçada por jovens, Sexta-feira 1,  apresenta as garotas que fazem sexo como libertinas que, portanto,  devem ser severamente punidas.


“Praticamente a cada vez que há uma cena de relação sexual,  em que são mostradas longas cenas com garotas adolescentes seminuas,  o matador mascarado ataca”.


No videogame da série “Grand Theft Auto”, os jogadores têm oportunidade de estuprar, espancar e assassinar prostitutas.


Também peças publicitárias apresentam a violência contra mulher como sexy.  “As imagens de violência contra as mulheres estão em toda parte: nos outdoors, nas revistas, etc.”


 Um anúncio da Dolce and Gabbana exibe um homem fazendo sexo com uma mulher, enquanto outros  estão parados em pé, assistindo. A cena sugere um estupro sendo praticado por uma gangue. No anúncio, a modelo é bonita, tem olhar ardente e aparenta estar excitada. “O estupro pela gangue é implicitamente justificado”, afirma Durheim.

Outro anúncio da Cesare Paciotti  “ mostra um homem pisando sobre o rosto de uma bela mulher que usa batom vermelho”.

( Continua...)


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nazi- beleza ( parte 1)







A professora de jornalismo e comunicação de massa da Universidade de Iowa ( EUA), Meenakshi Gigi Durham, identifica os mitos criados pela mídia no tratamento da sexualidade com efeito nocivo para o desenvolvimento das meninas e a liberdade das mulheres.


É imposto às crianças e jovens certo padrão de beleza. E, como as imagens de garotas estampadas nas revistas são irreais, as meninas têm que comprar produtos que vão de cosméticos às cirurgias plásticas para atingir a perfeição de serem “sexies”, e outros aspectos de suas vidas são relegados a segundo plano. A socialite Paris Hilton é a principal modelo a ser seguida, assim como o grupo Pussycat Dolls.


Grifes como Victoria´s Secret e cantoras como Aguilera, Britney Spears, Lady Gaga e suas similares pelo mundo afora se apresentam como paradigmas.


Durham faz sua abordagem demonstrando que a mídia destinada aos jovens é em boa parte dirigida por mulheres, mas sujeitam-se à vontade do deus mercado. E a mídia usa essa fase de descoberta das adolescentes, inculcando-lhes ainda mais insegurança a fim de vender seus produtos.


Segundo Durheim, “examinar com rigor esse efeito permitirá desvendar os mitos que compõem o espetáculo da sexualidade das garotas na cultura pop convencional.


“A sexualização das meninas nos ambientes aparentemente seguros, não realistas e fantasiosos da mídia e da publicidade age com o fim de legitimar o uso da sexualidade das garotas para fins comerciais.


As imagens difundidas não são reais nem realizáveis, “corrigidas” por softwares de computador criam perfeições inexistentes- em meio à páginas sempre acompanhadas de anúncios de beleza.

A mídia é tão persistente que a confusão fica ainda maior na cabeça das adolescentes, e o apelo já é feito para crianças de até 8 anos de idade. Segundo Durheim, há brinquedos nos USA da chamada “Dança do Poste” destinados a meninas de 1 a 2 anos.


2-


Recentemente, a APA apresentou um relatório no qual afirma que tal exposição na maioria de revistas, televisão, videogames, videoclipes, filmes e letras de música são nocivas para o desenvolvimento de garotas adolescentes.

O que pode levar “à complicação da auto-estima, depressão e anorexia”, entre outros aspectos. A pesquisadora Durham mostra que na mídia convencional “já não se diferencia mais anúncios de matéria jornalística”.


3-

Em seu livro, detecta cinco mitos nos quais a mídia se baseia para vender mais produtos:


Um deles é “A Anatomia de uma deusa do sexo”. O modelo visto como ideal para as garotas tem de ser: magra, de preferência loira de cabelos longos, ao estilo Boneca Barbie. Para tanto, publicitários chegam ao disparate de vender cremes para branqueamento de pele na África e na Ásia.


Segundo Durheim, até produtos proibidos nos países de Primeiro Mundo por ameaças à saúde, são vendidos aos demais. “As indústrias da moda, das dietas, dos exercícios físicos, dos cosméticos e da cirurgia plástica geram lucros anuais de bilhões de dólares” e confirma a publicidade é a espinha dorsal da mídia”.

(Continua...)


Photo- A capa da revista Veja foi escollhida pela passagem: " Elas queriam ser da Marinha, atletas, modelos... ".

Por meio da manchete em texto e subtexto - mensagem subliminar- parece que se trata de tudo o que uma mulher poderia ser a fim de que Seja, em conformidade com a ideologia em praxe.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Planeta dos nazistas- 2







Os neunazismos apresentam várias formatos. Alguns mais diretos, como no caso dos garotos de universidade que aterrorizaram uma “gorda”.

Seja no caso de estudantes de uma escola particular que agrediram rapazes em São Paulo.

Há mesmo os que atearam fogo em índios, julgando ser os mesmos mendigos. Ou vice-versa? Sonetos de Hitler, por emendas de Mussolini.

Outra dessas formas, bem conectada às anteriores, encontra-se nas pesquisas realizadas por Joana de Vilhena Novaes.


Seu primeiro livro chama-se “O insustentável peso da feiúra”, em que a doutora em psicologia clínica abordou certo número de pessoas insatisfeitas com seu próprio corpo:


Segunda a pesquisadora, “ há pessoas que limitam sua vida social, deixam de ir à praia ou mesmo às festas. Muitas não namoram. Chamamos esta doença de dismorfia corporal.”


“As clássicas anorexia e bulimia se juntam hoje à ortorexia, que é a compulsão por alimentos
naturais, e à vigorexia, que é a dependência de exercícios físicos.”


“ As múltiplas intervenções cirúrgicas também entram nessa lista. Importante ressaltar que esse grupo de doentes da beleza é um número exponencialmente crescente.”


“O interesse pela cirurgia como forma de emagrecer está causando distorções. Pessoas que não têm o peso suficiente para a indicação da cirurgia preferem engordar até chegar ao ponto certo para ser operadas.”


“Outro tipo de operação que está crescendo é a cirurgia da intimidade. Por meio de métodos abrasivos, mulheres têm procurado médicos para clarear, diminuir ou aumentar o clitóris. Existem até adolescentes que, insatisfeitas com seu clitóris, fazem cirurgias para tentar se adequar a algum modelo que idealizam. Em breve, teremos um boom de modelos de genitálias”, diz a pesquisadora.


“De modo geral, a cosmetologia da genitália tem crescido muito. É hoje uma das grandes buscas das mulheres de classe média e alta.”


Segundo Joana, “a necessidade de se adequar aos padrões está acabando com a autoestima dessas mulheres”. Se elas não se sentem esteticamente adequadas, chegam a reprimir sua sexualidade.


“Já na primeira infância, os pais exercem uma regulação ferrenha, como fazem a si mesmos. Trata-se de um discurso imposto em que elas passaram a acreditar. Não é apenas uma questão de autoestima. Quem não se enquadra sofre uma exclusão real.”


“O resultado de tudo isso é que as doenças relacionadas à imagem emergem de forma violenta. O sujeito passa a ser o algoz do próprio corpo.”


(Joana de Vilhena Novaes é pesquisadora do Centro de Pesquisas de Psicanálise de Medicina da Universidade de Paris e criou o Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-RJ)

Excerto de sua entrevista para Martha Mendonça.

A pesquisadora está para lançar a obra “Com que corpo eu vou?”.