quarta-feira, 31 de outubro de 2012



" Frank Tashlin dirigiu e escreveu mais de vinte comédias em Hollywood, muitas delas abiloladas, redigiu enredos para boa quantidade de outras, escreveu e ilustrou três livros infantis
engenhosos e cáusticos, e dirigiu mais de sessenta des

enhos animados notavelmente inventivos.


Porém, nos USA, pouca gente prestou sua atenção nele, provavelmente porque a maioria dos seus filmes foi- na superfície, com certeza- veículo para Jerry Lewis, Bob Hope, Jayne Mansfield e Doris Day.


Vários foram sucessos de bilheteria, mas esse não é o tipo de material que conduz a grandes créditos no estabilishment. Embora Jean-Luc Godard e vários outros críticos e cineastas da Nouvelle Vague francesa tenham lhe prestado elogios derramados, e apesar de esses diretores (Godard, Truffaut, Jacques Rivette, Luc Moullet) terem sido por vezes claramente influenciados por ele.


Fora de Hollywood, Tashlin era virtualmente desconhecido em seu próprio país. Ainda hoje- apesar da monografia elogiosa publicada pelo Festival de Cinema de Edimburgo para acompanhar a retrospetiva que realizou em 1973 sobre o diretor, e a despeito da grande retrospectiva promovida em 1994 durante o Festival de Locarno-, mais de vinte anos após sua morte, Tashlin permanece esquecido no país que ele procurou descrever ao longo da carreira.

" Certa vez, quando perguntei a Jerry Lewis quem mais o tinha influenciado, ele respondeu: " O sr. Tishman, soletrado: TASHLIN. Ele é o meu professor".


Se as comédias de Hawks, McCarey e Capra são representativas dos anos 30- e, como assinalou Preston Sturges, também dos anos 40-, então os anos 50 foram vividamente simbolizados no trabalho de Tashlin.


Não foi uma era bonita; ao contrário, foi uma época de excessos grotescos e contrastes. Assim, infelizmente, uma quantidade excessiva de críticos não enxergou a sátira frequentemente devastadora que estava por detrás da fachada berrante e ostentadora.


"The gir can help it" ( Sabes o que quero), uma visão horrenda da primeira era do rock and roll ( estrelando Tom Ewell e Jayne Mansfield), é quase trágico na sua feiúra proposital; ainda mais quando se considera o quanto Frank admirava a beleza.


"Will sucess spoil Rock Hunter? ( Em Busca de um Homem), o seu melhor filme, é um retrato definitivo da "vulgaridade" da Madison Avenue- onde ficam as sedes de muitas agências de publicidade-, mas, usualmente, foi considerado explorador em vez de sardônico. A cena na qual Tony Randall é levado às lágrimas pela alegria, quando recebe a chave do banheiro executivo, é tão pouco exagerada que se torna quase aterrorizante em sua verdade básica.


Essa era uma parcela considerável do gênio particular de Tashlin: ele era honesto, e só exagerava ligeiramente para frisar alguma coisa. Era também profético. Quais divertimentos selvagens Tashlin teria extraído dos horrores dos anos 80, 90,...?

Ele fez os filmes mais atraentes, e o único sólido, da dupla Dean Martin e Jerry Lewis: "Ou vai ou racha" é um olhar mordaz sobre a mania do cinema; "Artistas e modelos" é uma perspectiva
espetacularmente "destrutiva" da mentalidade de revistas em quadrinhos.


Como era um artesão extremamente hábil, e sendo provavelmente o mais inventivo construtor de gags visuais do cinema falado, Tashlin tomou o humor ultrajante e impossível dos cartuns e o conectou de forma muito humana ao cinema.

Embora pretendessem a comicidade que tinham, seus filmes frequentemente refletiam um descontentamento profundo com a situação da sociedade- como observou certa vez o maior escritor farsesco francês, Georges Feydeau, os melhores escritores de comédias " primeiro pensam tristes".

...Seus filmes pareciam sorrir, mas quando vistos sob a perspectiva da criação, refletiam a tolice e a miséria que via a seu redor".

( P. Bogdanovitch).

Ps- A TV- vista por Frank Tashlin e J. Lewis.

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