domingo, 13 de fevereiro de 2011

Escolas e Letraduras




Literatura pode ser estudada em casa com o incentivo de professores e pais ou país, já que há tempos se configura como matéria obrigatória, mesmo que muitos dos alunos não deem muita bola para a mesma.

Em alguns casos, a falha é do professor. Mas quando a matéria em questão passa a ser relacionada com as várias possibilidades de expressão que há no país, com questões que dizem respeito a nosso universo identitário, social-oligárquico (tipo Graciliano Ramos), com elites deveras autocentradas ao ponto da patologia (Machado), com o caráter existencial e desconstrutor/construtor da vida (Drummond, Clarice),... Para ficar “somente” no cânone e, por aí afora, não dá para encarar como um entulho a mais no currículo.

Para tanto, não há necessidade de perder muito tempo com estilos como o Arcadismo ou Parnasianismo, por exemplo. O primeiro pela forma convencionalíssima e desprovida de substância.

O segundo pela necessidade patética de ter de provar, a qualquer custo, uma linguagem “elevada” , igualmente desossada em seu empolamento. Quem sabe, nesse caso, evocar a unificação obrigatória de uma língua para o Brasil, como estratégia de Marquês de Pombal, que recalcava as demais possibilidades, ao contribuir para uma educação falida nessa terra. E para uma constituição social baseada na segmentação dos falares, contrariando as inevitáveis e bem vindas recriações.

Pode-se também relacionar o Arcadismo com o período político da Inconfidência e, a partir disso, procurar entender a linguagem aplicada, problematizando o caso, uma vez que alguns dos mesmos artistas evoluiriam para um estilo menos artificial, como é o caso do pré-romantismo.

No caso do Parnasianismo, seria uma boa oportunidade para a introdução da leitura de Machado de Assis, em sua maneira irônica de abordar os falares das “castas nobres” do país. Não me parece necessário, aqui, a camisa de força do tempo cronológico.

E quanto a fenômenos como “Lua Nova”, “Crepúsculo”,...? Penso que, antes de qualquer coisa, um estudo básico sobre cultura de massa e os diversos mercados para leitura surgidos de uns tempos para cá, tais como autoajuda, exoterismo e suas escritas mastigadíssimas já cairia bem. Quem se habitua a elas, como muita das vezes ocorre, pode se afastar de desafios mais contundentes.
(Nesse momento me lembro por que razão não aderi, com força, ao cinema de “Avatar”. Contrariamente a outros trabalhos de James Cameron,... haja mastigação).

No caso dos livros citados, procurar também entender a cultura Emo (muitos que o são não admitem) e seus signos, junto a um histórico de literatura sobre vampiros e sua conotação sexual poderia ser uma boa.

Seguindo tal ritmo, em pouco tempo estaríamos nos piercings.

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