Quando assistimos ao último Batman, percebemos que se trata de um trabalho cuidado de produção. Mas ao assistirmos aos dois primeiros Batmans, de Tim Burton, percebemos que não há necessidade de ser fiel ao original, seja ao seriado, seja à HQ. Ou seja, não se trata de um filme feito para fãs do Batman, mas de uma recriação. Tudo, aliás, em Tim Burton é recriação. Quando Edward imprime com suas tesouras uma nova cara para as ruas norte-americanas( em Edward mãos de tesoura) ele estará substituindo o modelo estandardizador, padronizador daquelas casas e propondo novos olhares como um visionário que se anuncia em pleno sistema industrial.
Após o segundo Batman, o susto foi grande por não ter obedecido às previsibilidades de praxe. Ao contrário do Batman mais recente, o de Burton está longe de ser o herói da América, defensor do esquema político e policial da nação. Aliás, ele mal pode conservar a si mesmo em seu mar de tormentos, cisões. E Gothan City era uma cidade ultra-moderna, do espetáculo do progresso, mas por isso mesmo uma grande arquitetura gótica.
O último filme do Batman investe num clima sombrio, mas não passa de espetáculo de segunda para idéias raquíticas. E chamá-lo de infanto/juvenil talvez seja subestimar o potencial dos adolescentes. Potencial esse muitas vezes adormecido por certa apatia, filmes de ação centrado na chuva de adrenalinas, tramas de uma simplificação absurda...
Voltando aqui, Tim Burton é fiel à dimensão de criação de mundos das fábulas e para tanto bate de frente com o modelo pronto industrial. Infelizmente poucos captaram o Planeta dos Macacos, que sob a indumentária da enorme produção, foi um de seus filmes mais expresssionistas e ácidos para com a nação do "Progresso", os USA, seu fascismo tecnológico: as armas e as máquinas para a Guerra do (dito) progresso.
O que Burton propõe é esse esforço contra a "naturalização" do olhar, a desautomatização de imagens banais difundidas como "real" ou "natural".Longe do show de efeitos e dos recursos de "naturalismo" vigentes, ele investe nessa dimensão de artifício descaradamente e a partir disso não iremos brincar de fábula, mas adentrá-la de vez, observar e fruir simulacros de imagens( tautologia?) trabalhando como guia de implosão de "realidades" dadas e difundidas como universo de uma única dimensão( unidimensional).
Questionemos esses dogmas de imagens pretensamente reais e objetivas tão difundidas com Tim. E, sobretudo, com ele contemos as falsas verdades, os "contos do vigário" ao contrário, de trás para frente, a fim de que, tal como nos espelhos que sempre se nos mostram, mas sempre de forma invertida, reflexos e rostos concidam.
Por tudo isso, seu último filme promete.
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