domingo, 17 de janeiro de 2010

Arthur e Tom





"Quase todo mundo,em quase todo mundo,conhece esse cantinho e esta canção.De tão conhecida,não se percebe o quanto exibe de sabedoria,musical e poética(sobre Corcovado). As notas tocadas a seco,sem harmonia e sem acentos, nem chegam a ser uma melodia: parecem apenas material bruto,mera repetição do intervalo de segunda maior,que qualquer criança poderia tocar na primeira aula de piano... Para não falar do exemplo mais significativo, o auto-explicativo Samba de uma nota só, cuja ironia maior está na segunda parte,com todas as notas da escala vertiginosamente subindo e descendo,contrapostas à “nota só” de antes.
“Tom é o grande mestre moderno da composição de canções no Brasil.Melhor do que qualquer outro,ele tem o gênio capaz de extrair o máximo do mínimo.É uma qualidade arquitetônica de sua música,digna de Niemeyer e Le Corbusier(entre outros mestres modernistas que o jovem arquiteto Jobim estudou),combinada a uma exuberante habilidade de incorporar tradições musicais diversas.De Chopin a Garoto,de Ravel a Gershwin,de Villa-Lobos a Caymmi,tudo vira matéria viva nas suas mãos,modulável no espaço da canção.
O resultado compõe um verdadeiro modelo novo de canção popular.Reconhecido no mundo inteiro como exemplo supremo na arte da canção,esse modo de fazer as coisas segue estimulando.. Com a obra de Tom Jobim, que começa na bossa nova e depois se diversifica e multiplica, a partir de suas próprias lições,a civilização brasileira resolve-se a si mesma em chave nova,tecnicamente avançada e metafisicamente leve."
(Arthur Nestrovski)

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