terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Confusões 2
A outra parte da reportagem fala de algumas curiosidades interessantes,como Margot Kidder(a namorada do Super-Homem)ensinando Steven Spielberg a lidar com as mulheres.
Se aprendeu ou não,não sei.Sabemos,no entanto,que sua entrada(penetração),junto a George Lucas,no mundo de Hollywood inaugurou a era dos blockbusters e daí pra frente o cinema norte-americano,assim como o conhecíamos,foi paulatinamente perdendo sim seu lugar de arte,de algo,digamos,mais adulto para a sintonia com algo mais adolescente.Mas não poderíamos simplesmente responsabilizá-los, esquecendo o papel dos novos engravatados,leia-se executivos,nisso tudo.
De Spielberg gosto particularmente bem do Encurralado,mas com o tempo foi havendo uma adequação cada vez maior de tudo à nova sensibilidade televisiva e era necessário pegar o espectador mais desconcentrado da tv por meio de pastiches da narratividade épico-aventureira ou melodramática de Griffith(o codificador do classicismo no cinema),ou de seriados de tv do passado,acrescentando a isso os efeitos especiais,que se tornaram muito mais do que um recurso,mas um verdadeiro fetiche dos tempos,o deus platinado do cinema.Em perfeita sintonia com aquela tv,que era(e permanece)como que sendo um totém nas "prisões domiciliares" burguesas ou pequeno-burguesas.
A vantagem de Lucas e Spielberg é que tinham certo talento de narradores e,algumas vezes,uma real crença em seu material.Sabiam,por vezes,manipular bem as lições de Griffith da inserção da emoção no ato da narratividade,sem agressões mais óbvias ao espectador,ou telespectador.
Mas a partir daí a cisão entre arte e entretenimento foi-se tornando cada vez maior,a tal ponto que falar em arte hoje em Hollywood parece a muitos um contrasenso.Ou um luxo.
De maneira que aquele que quer dizer que não aprecia os ramerrames,as mesmices da indústria,tão logo busca uma maneira de se auto-afirmar:eu gosto mesmo é de filme europeu,asiático,etc.Como se muitos desses filmes não pudessem ser também fraquíssimos.Como se não houvesse uma enorme diferença,por exemplo,entre um Abbas Kiarostami(esse sim, um grande artista)e a maior parte dos ditos filmes iranianos.
Grande parte da nova geração cult precisa desse tipo de "afetação" talvez por não saber que alguma vez separações tão brutais não existissem.Que muitos que um dia procuravam divertimento,se habituavam também com arte,e vice-versa.Sendo esse tipo de posicionamento,assim como as declarações do autor do livro sobre a contracultura no cinema,mais um dos sintomas de uma esquizofrenia que foi se impondo com cada vez mais força no tempo.
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