segunda-feira, 7 de março de 2011

Cultura da Imagem- Prosseguimento






"A linguagem da imagem sempre foi um instrumento de sociedades paternalistas, que subtraíam aos seus dirigidos o privilégio de um corpo-a-corpo lúcido com o significado comunicado, livre da presença sugestiva de um "ícone concreto".

Uma civilização democrática só "se salva" se fizer da linguagem da imagem uma provocação à reflexão crítica, e não um convite à hipnose. Lembremos que uma educação através de imagens tem sido típica de toda uma sociedade Absolutista e paternalista: do antigo Egito à Idade Média.

A elaboração cultural que se vale da palavra transmitida por escrito é apanágio da elite dirigente, ao passo que a imagem final é construída pela mesma para uma massa submetida."

(Reflexões de Umberto Eco)


A imagem do Sambódromo acima remonta a uma Arena Romana em que todos querem e "precisam" participar, pagando altos preços para tanto.

O carnaval nascido no morro sofre uma inflexão já na década de 30, na medida em que as músicas de Cartola ou Ismael Silva não podiam sequer serem tocadas nas rádios. Ou seja, os próprios criadores do estilo deveriam abrir alas para uma festa programada agora para uma classe média.

Uma tipo de cultura criada POR um povo passa hoje por tantas mediações ( jogos, publicitárias, etc), que parece, pelo contrário, realizada "PARA um povo"- a rigor, de maneira paternalistamente destinada a uma massa informe.

A consumação de um processo iniciado nos anos 30 torna o evento algo tão débil quanto um velho hábito de transmitir peças teatrais via TV. Ou bem como alguns grupos de rap que alugam carro zero, única e exclusivamente para gravarem seus clipes em Alphaville.

Enquanto "novos-ricos" , Rede Globo e "respeitáveis" histericamente aplaudem com serpentinas nas vistas.

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