terça-feira, 22 de março de 2011

Cultura da Imagem e possíveis desdobramentos






Sendo esse um blog de educação, proponho um espaço- esboço para reflexões já trabalhadas em sala de aula, dentro do programa “Cultura da Imagem”. Muito embora não me considere mestre em nada disso, que fique bem claro:


“...Considerar hoje o espetáculo como algo distinto da encenação cativante (perspectiva ainda clássica, analisada por Guy Debord num texto famoso). Difratado pelas superfícies mercadológicas (shoppings, painéis, máquinas de comércio, etc.) que redefinem o espaço público e pela virtualidade da tecnocultura, o espetáculo obriga-se também a uma redefinição.

Assim é que abandona a “cena” - publicamente afixada como lugar do mito- em favor de uma simulação generalizada, que abole a distância entre “artista” e espectador, confundindo-se com a vida comum, tornando-se relação social mediada por imagens e, no limite, forma de gestão do cotidiano.

O tradicional “espetacular” dá lugar ao especular: convertem-se em show off - exibição narcísica- o próprio ato comunicativo, a dita interatividade, donde o fascínio contemporâneo pelo que é tecnologicamente bem realizado-, e pelo que se torna célebre ou famoso.

Desse modo, a economia mercantil pode gerir a percepção coletiva, apoderar-se da memória e da comunicação social- naturalmente, estendendo sua rede à esfera educacional- e transformando tudo isso numa única mercadoria especular, cuja moralidade traduz-se basicamente pela regra de “o que aparece é bom, e o que é bom aparece” (Agamben).”


São estudos extraídos de livros de Muniz Sodré, aqui presentes a fim de problematizar, dialogar ou tensionar a mim, a ele e ao leitor desse blog.

Comparecem como pontos de partida para uma percepção do que poderia ser hoje uma "Cultura da Imagem", que não se limitaria ao clássico estudo realizado por Guy Debord sobre a “Sociedade do Espetáculo”.

Os tempos são outros, claro, e há cortes e continuidades que nos constituem, dos quais seria difícil escapar. Como diria W.Benjamim: "parar a roda da História".

Ou seja, se não se trata de um caminho inevitável da História rumo a um “regime” que já foi acreditado por muitos, a alternativa de Benjamim- parar os trilhos- me parece também, em certo sentido, inaplicável para o contexto.

Inseridos em alguma História, quais seriam as vozes que escolhemos, seus gerenciamentos, em meio às pressões?

Jogar o jogo da moral utilitarista-hedonista (dois lados da mesma moeda), brincarmos de ciência e arte como salvação psíquica, apostar ao máximo na autoconservação como receio de viver em uma cultura de desconfianças extremadas, acreditar na velha cantinela das vanguardas como atestado de "estar à frente" dos demais- "meros mortais"?

Ou internalizar um “diference”, sem rejeitar, em bloco, a existência dos demais? Existir é uma coisa. Comprar ingenuamente certos estados, outra.

Parar os trilhos, nesse caso, poderia ser: desautomatizar o olhar, os ouvidos...Em suma, os sentidos, desprogramando nossos cumputadores mais íntimos, excedentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário