quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Anjo Exterminador- parte 100





"Violência: a Culpa é do Islã"


"Cobertura da tragédia do Realengo oculta a responsabilidade do Estado, a da própria mídia patronal e tenta transformar Wellington de Oliveira na versão tupiniquim de Osama Bin Laden.


Seria risível, não fosse a dor que se abateu no dia 7 de abril sobre a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo (Rio de Janeiro): tudo foi culpa do Islã, nas palavras do brilhante âncora da Rede Globo William Bonner, em 11 de abril.

Adotando sua careta mais dramática (pelo menos, é o que o olhar arregalado e esgares de espanto parecem pretender), Bonner esclarece, finalmente, o que levou Wellington de Oliveira, 23 anos, a fuzilar crianças inocentes para, em seguida, liquidar a própria vida: foram as suas ligações com um “grupo terrorista” supostamente islâmico. Claro.

Provavelmente Wellington era membro da rede de terroristas que, segundo a “revista” Veja (edição 2.211, de 6 de abril) mantém uma vasta base no Brasil. E a escola do Realengo foi o alvo, talvez, por ser um centro de operação dos serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel. Ora... Se houvesse um prêmio para débeis mentais, Bonner seria imbatível.

Mas é equivocado tratar o “caso Bonner” como de debilidade mental. Fosse isso, o correto seria defender o seu direito à supervisão clínica adequada, a mesma negada a Wellington, diagnosticado como esquizofrênico e filho de uma portadora de distúrbios psiquiátricos. A referência da Globo ao Islã – assim como a “reportagem” da Veja - está em perfeita consonância com uma “campanha” feita pela embaixada dos Estados Unidos no Brasil, junto aos principais órgãos de imprensa do país, como revelam vazamentos recentes do WikiLeaks, reproduzidos pelos blogs dos jornalistas Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim e muitos outros.

Um telegrama de 2009, enviado a Washington pela embaixada estadunidense, critica a abstenção do Brasil em votação feita no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 26 de março de 2009, sobre o tema “difamação de religiões”.

Tio Sam defende o direito de difamar religiões, em nome da "liberdade de expressão". Segundo um certo Kubiske ( que assina o telegrama da embaixada) explica:

" Grandes veículos da mídia, como o Estado de São Paulo e "O Globo", além da Revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país. Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira. Outra vez, especialistas e funcionários de outros governos e países que apoiem nossa posição a favor de não se punir quem difame religiões garantiriam importante ímpeto aos nossos esforços."

Não poderia estar mais claro. William é um office boy-nner da embaixada, e a Veja o seu porta vez semanal. "

(por José Arbex Jr.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário