

Roberto Rosselini não abriu mão da emoção em prol do realismo - como muitos ainda podem pensar-, apenas a buscou de forma distinta. Tanto que não abdicou do formato de melodrama em seus primeiros filmes de destaque.
"Roma"..., "Paisà", "Alemanha ano zero", "O Milagre" já o são, bem antes dos trabalhos com Ingrid Bergman.
O que o cinema de Rossellini veio a ressaltar, entre outras, é que tudo o que está em cena e fora do campo da dramaturgia carrega o mesmo "pathos" e poder de revelação.
Esse abarcar os seres e coisas filmadas, sem deter-se exclusivamente no que parece ser o principal, é o que iguala a todos na mesma beleza de uma direção em surdina.
Para tanto, seria necessário abrir mão de um filme e de um belo programados. Pôr em xeque óticas corriqueiras de estética, inclusive o sonhado formato da obra-prima.
Ao final de "Alemanha ano zero", a câmera nos mostra, após a tragédia, um bonde repleto de pessoas anônimas, algo tão importante para a obra quanto a História/ história em pauta: um movimento de pincelamento de uma arte visionária, que igualou cinema, visão e existência.
Qual seja, o presente mais imediato e sua perspectivação social, existencial e espiritual. Não é para muitos.
Ps. O artista deixaria um número considerável de herdeiros: Godard, Antonioni, Eric Rohmer, Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Person...entre inúmeros, como Abbas Kiarostami- de grande força no cinema contemporâneo.
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