quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cobertura- parte 1 ( Mídia, comportamento e estado)




"A socióloga Vera Malaguti, Secretária geral do Instituto de Criminologia( ICC),em entrevista ao Correio da Cidadania, em 9 de Dezembro, observou que a operação do Complexo do Alemão foi anunciada pela Rede Globo como “ Tropa de Elite- 3” , um dia antes de seu início. Isso significa que a emissora conhecia com antecedência os planos das Forças Armadas e da Polícia Militar no Rio.


Isso, por si só, já seria um escândalo de grandes proporções, por apontar a promiscuidade total entre uma empresa privada e instituições públicas. A Rede Globo fez menção à série de filmes “Tropa de Elite”, inspirado em livro de Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope, uma das principais forças de intervenção no Morro do Alemão. Acontece que Pimentel é atual “comentarista de segurança pública” da emissora... Fica tudo em casa.

Vera Malaguti também apontou o sentido da operação: tratava-se de “abrir caminho também para os grandes negócios internacionais”, que se anunciam com a Copa de 2014 e os Jogos de 2016. Não é pouca coisa. Estão em jogos negócios que somam dezenas de bilhões de dólares, e que se assentam na premissa de que será possível organizar os festejos “em paz”.

“Esses negócios olímpicos e transnacionais fazem parte da estratégia de ocupação de áreas pobres. E mais um capítulo dos “muros ecológicos”, paredes acústicas, que vão murando e isolando certas áreas”. Nesse caso, os traficantes dos morros cariocas que, não são santos, claro, foram tratados com as seguintes nomenclaturas: “estrangeiros”, “corpo estranho” no território nacional, quando também são um produto ou subproduto do crime organizado, no sentido dado por Malaguti, o que agrega empresários, banqueiros, especuladores e agentes do capital financeiro.

Seriam os mesmos apoiadores da “ditabranda” nacional, cujos nomes permanecem preservados na ausência de abertura dos arquivos daquele período? Responda-me, Einstein.

Nessa brincadeira séria, mui séria, oferecemos espaço, como na Colômbia, para atuação de “grupos impolutos”, como a CIA- a mesma, cujo nome os próprios norte-americanos evitam pronunciar com toda fé. Então, sobre ela nos calamos.

O articulista Nelson de Sá no jornal "A Folha de São Paulo" escreveu no dia 29: “A cobertura global se fundiu ao próprio Estado, em engajamento semelhante ao da Fox News no Iraque. Sua repórter chegou ao Alemão ao lado da polícia... O discurso de refundação do Estado nas áreas tomadas foi único, da cobertura como das autoridades na transmissão".

( A partir de JA jr.)

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