sexta-feira, 15 de abril de 2011

Politicalha do Verbo





O termo "politicamente correto" tornou-se uso corrente de colunistas, inclusive como parte de uma estratégia de acusação/punição do uso do mesmo.

Utilizado de forma tão genérica, sem especificações, seria mais ou menos como na antropologia: "se tudo é cultura, nada é cultura". Nesse caso, politicamente correto passa a incarnar termo vago.

Quem pensa estar na contracorrente, a usar os velhos jargões dos 60- como os sexistas de praxe- pode(m) ser o(s) mesmo(s) a viver do chamado "fetichismo da passividade". Nos 60 ainda havia operância- ao menos até certo ponto. Algumas péssimas, diga-se de passagem- faz parte.


Mas quem não viveu o período, chegou aos 50 organicamente "inoperante", acabrunhado, como adolescente a temer o mundo de fora. Sem frases de efeito- as muletas- estariam menos depressivos?


Cabe compreender a dor alheia. Porém, se o "outro" não se interessa por ela...

Com as propagandas em curso, como as de cerveja, alguém pode se considerar "prafrentex", quando a rezar velhos mantras? Pois que, se o Brasil fosse assim tão conservador como querem, o Serra teria ganho as eleições em face do sensacionalismo aplicado à questão do aborto.

Abortou, enquanto outros "falam em sexo, sem fazê-lo"- como diria Freud.

Em minha época adolescente, a revista Bizz era a catedral. Ao que dizia, bradávamos "Amém". Permanecer em busca de adolescentes "catedrais", fora de nós- qual seja, no objeto- lembra-me um sábio a relacionar o fetiche dos mesmos- ou do Objeto Mil- como um equivalente à ausência de autoenfrentamento do "sujeito".

Infelizmente (ou não), a vida retorna a cobrar maleabilidade de espírito ao estado de petrificação.

Sem movimento, a teia se enrosca um pouco mais. Com o tempo, o preço aumenta.

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