quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estudos da Imagem em sala- parte 2







"Marnie", de Alfred Hitchcock, como lugar dramatúrgica da obra é uma mulher frígida. Mark (Sean Connery) será aquele que desejará possui-la. Ou seja, torná-la mulher e curada de seus traumas.

Na dimensão estético-cinematográfica do filme, Marnie incarna o imponderável da Beleza, da obra de arte.

Ora, em muitos Hitchcocks, as imagens se acumulam umas sobre as outras, em contra-luz. O desafio para Mark, portanto, será o de despir cada uma dessas camadas para se chegar à mulher.

Para tanto, necessita submetê-la a algum real, desnudando-a física e espiritualmente. E, assim, poder chegar a alguma luz ( não a contra-luz-). Ou seja, possuir a obra de arte.


Nessa "grande obra doente", nas palavras de Francois Truffaut- assim como Marnie é a obra de arte problema para Mark- se dá o difícil encontro entre o imaginário e o real, como o lugar, por excelência, do cinema e do amor.

Desse equilíbrio difícil, Hitchcock nos legou um de seus melhores trabalhos.



" 1- A Palavra e o Cinema"


Não se dá um sentido à palavra, mas a palavra é o próprio sentido.

Mas se reproduz rapidamente uma degradação desse sentido, visto que a palavra não segue a realidade que designa, em todas as suas transformações históricas, terminando por existir a duplicidade da palavra.

Para lutar contra a "separação" do ser e da palavra é que a poesia quer falar às próprias coisas, e tentar restaurar a união entre a forma e o conteúdo.

"A palavra é a coisa", é o que Valéry quer dizer quando afirma que a "poesia é uma certa concordância entre o som e o sentido."

Essa tentativa da poesia moderna parece que só o cinema pode levá-la a termo. Na imagem de cinema são os mesmos seres e coisas os que aparecem em sua complexidade, ou evolução.


" 2- O Cinema e Outras Artes"


Pode-se dizer que o cinema está situado entre a pintura - da qual toma seu caráter representativo: ( a Marnie, de Hithcock - Alessandro)- e a música ( da qual adquire, graças à montagem, o caráter lírico ( no caso, a trilha de Bernard Hermann).

É uma arte do espaço, como a primeira, e uma arte do tempo, como a segunda.

Mas, além deste vigor representativo, é capaz de realizar a proeza de superação no real, no que esse tem de instantâneo, graças a temporalidade que introduz em tudo."

(Marcel Martin)

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