

" O primeiro passo, se pretendemos ter um sistema educacional de qualidade, é um amplo debate sobre o que entendemos por esta qualidade e qual o projeto formativo que temos a oferecer- adianto: isso não cabe nos testes.
O momento atual de discussão do Plano Nacional de Educação seria ótimo para esta tarefa, mas todos querem "celeridade" na tramitação da lei.
Acontece que o PNE estabelece como " projeto educacional" sair-se bem no IDEB, e este foi vergonhosamente amarrado aos resultados do PISA, teste de aprendizagem conduzido por um organismo internacional a serviço dos empresários, a OCDE- Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico.
Assim, fica definido nosso "projeto": os alunos devem sair-se bem na Prova Brasil ( português, matemática e futuramente ciências), as escolas devem ter um bom IDBE e todos devem ser avaliados aos 15 anos de idade no PISA da OCDE em português, matemática e ciências. Décadas atrás gritávamos contra os acordos MEC- USAID, hoje aceitamos a subordinação dos interesses formativos à OCDE.
Os reformadores empresarias argumentam que português e matemática é o básico para se formar para a cidadania. Entretanto, não definem o que entendem por cidadania, o que termina resumindo-se em atender aos interesses das corporações empresariais. O problema em limitar-se ao básico é que o básico, por definição, exclui aquilo que se considera que não é básico, claro. E isso é uma decisão ideologicamente orientada.
As artes, o corpo, os sentimentos, a afetividade e a criatividade devem ser desenvolvidas simultaneamente e não após o "básico". Já a função dos testes e indicadores educacionais nas sociedades contemporâneas tem sido essa: ocultar o debate qualificado sobre os fins da educação nacional, substituindo-o pelas matrizes de referências de testes baseados em habilidades básicas de português e matemática. Se os alunos vão bem nos testes, dizemos que o país oferece uma "educação de qualidade".
A resposta dos reformadores empresariais é que primeiro deve vir o básico...Haveríamos de cobrar dos reformadores empresariais que o futuro da educação é agora e isso vai além de ensinar o básico, agora.
( Luiz Carlos de Freitas)
Foto- Não sou lulista, mas adorei a provocação.
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