segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Polêmica da Gramática de Pombal







"Em primeiro lugar, o livro destina-se ao EJA - Educação de Jovens e Adultos, i.é, um público que não teve acesso a educação formal, no momento desejado. O livro atende perfeitamente ao seu objetivo. É um material didático dos melhores que já vi para o processo de alfabetização.


Em segundo, não há em nenhum momento a intenção de ensinar a falar errado. Mas, apenas de mostrar que existe uma maneira de falar (mais comum do que se imagina) que pode ser inadequada a determinadas situações.

Quando a mocinha na novela (no capítulo que foi ao ar, logo após a primeira matéria sobre o caso, no Jornal Nacional) diz " Vamos tentar se entender", ela não está de acordo com a NORMA CULTA DA LINGUA PORTUGUESA, no entanto Não ESTA FALANDO ERRADO.

Temos variações geograficas, temporais, sociais, entre outras, no falar. Não quer dizer que exista uma certa e uma errada. Para isso que existem gramáticas: para oferecer um padrão da língua. Não para ditar o certo e o errado.

"A língua sem arcaísmo. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos".

(Oswald de Andrade)



Não tenho nada a ver com o governo Lula, nem com os autores do livro. Sou apenas um jornalista, que se sente muito decepcionado em ver a reproduzão da lógica de uma mídia que domina mentes e corações, de uma maneira jamais vista em nenhum outro lugar do mundo".

(Otto- jornalista)




"A repressão começa com a gramática e vai até a polícia política".

(Graciliano Ramos)


"O "erro" é um dos meus modos fatais de trabalho. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade, pois só quando "erro" é que saio do que conheço, e entendo".

(Clarice Lispector)





Estilistas da língua- como Nabokov, por exemplo,- desprezavam escritores como Miguel de Cervantes (autor de Dom Quixote), ou Dostoiévski ("Crime e Castigo"), por considerá-los desleixados em sua forma de escrita.

No Brasil, o mesmo estigma carregaria Lima Barreto ( autor de, entre outras, " Triste Fim de Policarpo Quaresma", "Recordações do Escrivão Isaías Caminha").


O neorrealista italiano do cinema, Roberto Rossellini, poderá ser visto ainda como "porco", frente à sua maneira peculiar de despojamento consciente?

Ou bem, seu rigor se encontraria justamente em seu método de trabalho?


O mesmo se daria com o maldito Nicholas Ray ( diretor de "Juventude Transviada", "Amargo Triunfo", "Party Girl", "Sangue sobre a neve") que, bem ao contrário da linha de um John Huston da vida, mostrava pouca preocupação com o trabalho de estruturação de uma obra. E sim, com camadas de instantes poéticos soltos e sobrepostos.


Photos: Nicholas Ray, Dostoiévski, Lima Barreto.

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