segunda-feira, 4 de julho de 2011

Carta anterior- crítica pop





O patriarcado da MPB ou da música pop- não sei bem, de fato, o que seja.

Ou melhor, sei que a crítica pretensamente vanguardista, a que se considera à frente dos demais- meros mortais-, costuma se pegar ocupada em matar o pai, ou os pais. O que nos aparece como uma questão mais freudiana do que de música, mas sempre travestida de um tipo de discurso pretensamente de "vanguarda".

No cinema, os neófitos necessitam fazer malabarismos com a câmera, a provar que, assim, estariam à frente, sendo "revolucionários". Normalmente, quebram a cara.

Os anos 60 passaram, mas a crítica, sobretudo de música pop, necessita mamar desse caldo de "contracultura".

Ora, no Brasil, onde as escolas mal funcionam, onde pouca "cultura" haveria, o que seria, a rigor, matar o pai? Qual seja, um patrimônio de séculos passados, mal assimilado por nós mesmos. O que dizer, pois, das novas gerações?


Sobre cinema, se a grande maioria não o conhece, o problema maior não se encontraria propriamente na arte, mas no precário conhecimento do mundo da imagem, que é, aonde, - no fim das contas-, estaríamos metidos até o osso. A questão é: como apreendê-lo, com o mínimo de discernimento.


No da música, quando o C. Buarque lançou seu disco "Cidades", não conseguiram sequer reconhecer os elementos de Debussy em sua arte. Qual seja, uma maior influência de Jobim. Talvez porque o cara não se interesse tanto pela música, mas em se tornar um expert em especialismo musical, mais interessado em guerrilha, em política partidária do que nos próprios ouvidos, como ranço da ditadura, de um espírito de protesto- quando não se sabe bem contra o quê, exatamente. Ah, claro, assassinar o pai, autoritário ou ausente, o que daria mais ou menos na mesma.


Já que, ao final, nos museus da vida, o que é bom costuma se ligar a um outro. O tido como velho pode se tornar atual e o novíssimo, até datado. Mas Picasso encontra-se ao lado de Velázquez, assim como Jaspers Johns de Brueguel.

Quanto aos cacos, vão para o lixo, quando não der mais o que colar.

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