terça-feira, 12 de julho de 2011

Em sala: ansiedade do status, por Alain de Botton- 2





O pano de fundo desse tipo de ansiedade é a globalização e a desigualdade crescente em âmbito mundial.


Especialmente nos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China), dessas pujantes economias emergentes, afirma De Botton, a apologia do "chegar lá" é tão generalizada que o indivíduo se sente derrotado se falha- por mais irreal e infundado que seja esse desejo.

A crer em De Botton, países como o Brasil são hoje o terreno mais fértil do planeta para as velhas neuroses e psicoses freudianas vicejarem.


"Além do nível habitual de ansiedade em relação à sobrevivência, a sociedade acescentou um novo tipo, que chamo de ansiedade do status.

Trata-se de uma preocupação sobre nossa permanência no mundo, se estamos "por cima" ou "por baixo", se somos "ganhadores" ou "perdedores". Preocupamo-nos com nosso status por uma razão simples: porque a maior parte das pessoas tende a ser "bacana conosco" dependendo do nível de status que desfrutamos- se ouviram falar que fomos promovidos, haverá um pouco mais de energia em seus sorrisos; se fomos demitidos, farão de conta que não nos viram.

Por fim, preocupamo-nos em ter status porque não conseguimos confiar em nós mesmos caso as pessoas pareçam não gostar muito de nós ou nos não respeitar muito. Podemos imaginar nosso "ego" como um balão furado, que requer o tempo todo um amor externo para se manter inflado e que é vulnerável à menor desatenção.

Nós nos apegamos aos sinais de "respeito" do mundo para nos sentirmos aceitáveis para nós mesmos.


Economia, ansiedade e status


A ansiedade do status tem início quando comparamos nossas realizações com as de outros, que consideramos nossos iguais. Podemos nos preocupar com nosso status quando deparamos com alguém próximo que nos dá uma boa notícia.

A ansiedade do status é certamente pior em lugares como o Brasil, pois as possibilidades de realização parecem ser maiores do que nunca. Há tantas coisas em relação às quais nutrimos expectativas, que podemos facilmente nos julgar "perdedores".Estamos todo o tempo cercado por histórias de pessoas que "chegaram lá".

Claro, ainda hoje continua altamente improvável que possamos atingir o topo da pirâmide social. O problema é que, infelizmente, não sentimos mais isso como algo improvável: dependendo da revista que lemos, pode de fato parecer absurdo que ainda não tenhamos preocupado conseguir tudo isso.


A arquitetura também pode nos aliviar da ansiedade, como sugere em " Arquitetura da felicidade"?

Há alguns tipos de arqitetura maciça, sublime, que de fato têm o poder de diminuir nossa ansiedade por que nos colocam em contato com algo maior do que nós mesmos. Qualquer coisa que nos retira da esfera humana, que de algum modo nos relativiza, tem o poder de restaurar a perpectiva. É claro então que a religião tem um papel a desempenhar na redução da ansiedade do status."

Nota do bloguista: as que aderiram ao discurso da "teologia da prosperidade, dificilmente.

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