terça-feira, 19 de julho de 2011

Literatura na Flip- 1




" Na conferência de abertura, uma dupla de peso: Antonio Candido e José Miguel Wisnik. Falaram da vida e obra de Oswald de Andrade.

Antonio Candido, como único intelectual vivo que conheceu o autor de "Serafim Ponte Grande", amenizou a violência com que Oswald de Andrade atacava autores em suas críticas literárias, sem poupar ênfase na cor da pele e até na deficiência física de alguns escritores. Mas sublinhou que o homenageado jamais guardava mágoa e foi capaz de se reconciliar com Antonio Candido, após esculhambá-lo num texto crítico.

Meu primeiro contato com a obra de Oswald de Andrade foi em 1966, quando José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina, me convidou para assistente de montagem de "O Rei da Vela". A peça me parece melhor que o texto. Marcou o ápice do movimento tropicalista, uma forma irreverente de reação à ditadura militar.

Tentei gostar dos demais livros de Oswald. Não consegui.

Penso que o autor casou mais furor que os próprios livros. Talvez seja essa a razão por que Antonio Candido e Wisnik realçaram o homem e suas ideias e deixaram de lado a obra dele.

Aplaudi a dupla Bartolomeu Campos de Queirós e Ana Maria Machado, na mesa do Movimento Brasil Literário. Bartô frisou que a escola não educa, adestra. Não por acaso, lembrou ele, alunos castigados são, às vezes, remetidos à biblioteca.

A biblioteca deve ser o espaço de diálogo e não apenas de consulta, sugeriu. O livro não é apenas um texto que se lê, é também um texto que lê o leitor, dialoga com ele, muda sua ótica de vida. O papel da literatura é ampliar o nosso campo de visão, aprofundar nossa consciência crítica e dilatar nossa capacidade de sonhar. Viver sem sonhar é mero sonambulismo".


(Frei Beto)

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